Segundo informações do jornal francês La Depeche, cerca de cinquenta manifestantes interromperam aos berros um presépio vivo de crianças na cidade francesa de Toulouse no último sábado, 14, forçando a organização do evento natalino a encerrar a apresentação duas horas antes do previsto.
Os fanáticos, que tinham se distribuído por vários edifícios da Praça Saint-Georges, gritavam palavras de ordem como “Contra a polícia e os fascistas” e “Somos os anticapitalistas”. Ignorando irresponsavelmente a presença de crianças no presépio vivo, eles desceram à praça e aumentaram o clima de tensão e provocação.
Jean-Luc Moudenc, prefeito de Toulouse, repudiou o fato via Twitter:
“Lamento e condeno firmemente o comportamento irresponsável dos manifestantes de ontem, que provocaram a interrupção do presépio vivo, em detrimento dos cidadãos de Toulouse. Como todos os anos, eu autorizei o evento organizado pela associação Vivre Noël Autrement”.
A associação em questão é laica, conforme foi recordado pelo arcebispo de Toulouse, dom Robert Le Gall, que igualmente criticou a postura doentia dos manifestantes:
“Sinto grande pesar, tristeza e incompreensão. Não entendo. [O presépio vivo] nem sequer foi organizado por cristãos, mas por uma associação leiga. As dificuldades da nossa sociedade em viver juntos gera violência verbal e física. Isto não está certo. Como arcebispo de Toulouse, lamento que a simples lembrança do nascimento de Jesus e dos valores que isso traz (o acolhimento do estrangeiro, o anúncio da paz e o sinal de ternura de que todos precisamos) não seja mais respeitada em nosso país e suscite atos de violência verbal e física por parte dos defensores da liberdade. Convido cada um a defender pacificamente a liberdade de expressão e a respeitar a história e as tradições do nosso país”.
Presépios como alvo
Presépios montados em áreas de acesso público têm sofrido repetidos ataques ao longo dos últimos anos em nome de interpretações extremistas e fanáticas da “liberdade individual”, que servem apenas para negar o próprio respeito à liberdade dos outros.
Além de prefeituras que proibiram a exposição pública de presépios alegando incoerentemente a laicidade do Estado e “esquecendo” que este princípio deveria justamente proteger a liberdade religiosa de todos, também tem havido ataques literais a presépios – aliás, nem sequer o da Praça de São Pedro escapou ileso ao fanatismo travestido de manifestação cidadã: em 2017, uma “ativista” do grupo Femen tentou roubar a estátua do Menino Jesus colocada no presépio do Vaticano, reeditando a mesma cena patética já protagonizada em 2014 por outra ativista do mesmo bando. Confira o fato acessando o seguinte artigo:
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