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Curado de câncer terminal morre em acidente um mês depois da alta, em MG

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Vamberto Luiz de Castro / Arquivo Pessoal (via redes sociais)

Aleteia Brasil - publicado em 19/12/19

Caso lembra em certa medida o do jornalista Rafael Henzel, que sobreviveu à tragédia aérea da Chapecoense e morreu jogando futebol

O funcionário público aposentado Vamberto Luiz de Castro, de 64 anos, tinha conseguido se curar de um linfoma terminal após passar por um tratamento inédito na América Latina: uma terapia genética chamada CART-Cell.

Vamberto recebeu alta em outubro, depois de superar estágios profundamente agressivos do câncer, e, cerca de um mês depois, surpreendentemente, morreu num acidente em Belo Horizonte.

Fase terminal e cura impactante

Quando procurou o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para tentar um tratamento experimental no Brasil e inédito na América Latina, realizado por uma equipe da Universidade de São Paulo (USP) e custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Vamberto já estava em fase terminal de um linfoma extremamente agressivo. O tumor estava tão espalhado pelos seus ossos que ele não conseguia mais andar e precisava de doses máximas de morfina diária para suportar a dor.

Graças à terapia CART-Cell, a maioria dos tumores que tomavam o corpo de Vamberto no início de setembro desapareceu ao longo de um mês, a ponto de que, em outubro, embora ainda precisasse manter o tratamento, a melhora que ele apresentava foi suficiente para ser considerada como equivalente à cura do linfoma. Entrevistado na ocasião pelo portal de notícias G1, Vamberto afirmou:

“Hoje, o que eu quero, de verdade, é que aconteça para todas as pessoas que passam por isso o que aconteceu com a gente. A gente vai ter que fazer alguma coisa para buscar o apoio. Este benefício tem que atingir um número bem maior de pessoas”.

Ele se referia aos altos custos do tratamento, que, já aprovado nos Estados Unidos, ultrapassam 475 mil dólares.

Na mesma entrevista, Vamberto também falou dos fatores que considerava como a causa da sua cura, reconhecendo tanto a importância da medicina quanto a força da fé:

“Eu tenho recebido tanta manifestação de tanta gente que rezou! Eu prefiro dizer que é um misto de manifestação religiosa e ciência”.

A guinada surpreendente

O que parecia ser o início de uma nova vida, no entanto, sofreu uma inesperada reviravolta no último dia 11 de dezembro: segundo a Polícia Civil, o corpo de Vamberto deu entrada naquela data no Instituto Médico Legal, em Belo Horizonte, após um acidente que lhe causou um grave traumatismo craniano. Vamberto não resistiu.

Sua missa de sétimo dia foi rezada nesta terça-feira, 17.

“Viva Como se Estivesse de Partida“

O caso lembra em alguma medida o do jornalista Rafael Henzel, que sobreviveu à tragédia aérea da Chapecoense em 28 de novembro de 2016, quando perderam a vida 71 pessoas a bordo do voo LaMia 2933, que levava a delegação do time de futebol para a final da Copa Sul-Americana em Medellín, na Colômbia.

Rafael Henzel
Rafael Henzel / Reprodução

Em 2017, Rafael lançou o livro “Viva Como se Estivesse de Partida“, no qual contava a sua experiência pessoal de reavaliação da vida após a improvável sobrevivência a uma catástrofe aérea. Em 26 de março de 2019, Rafael foi levado de emergência ao Hospital Regional do Oeste de Santa Catarina, em Chapecó, depois de ter sofrido uma parada cardiorrespiratória durante um jogo de futebol com amigos e colegas de imprensa.

O súbito falecimento do jornalista sobrevivente de 45 anos causou grande comoção nas redes sociais, em especial por causa da consciência que ele parecia manifestar a respeito da fugacidade da vida neste mundo e da necessidade de estar preparado para partir a qualquer momento, vivendo, de fato, “como se estivesse de partida”.

Na mesma madrugada de seu falecimento, os médicos de Chapecó fizeram uma cirurgia para retirar as córneas de Rafael, com autorização da família, para serem doadas e transplantadas em algum dos pacientes em fila de espera.


Rafael Henzel

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Insondável mistério

Casos como o de Rafael e o de Vamberto podem reforçar em nós essa mesma consciência: diante do insondável mistério que é a vida, um fato certo é que a nossa passagem por esta fase finita da nossa existência eterna é breve e nem sempre acontece de acordo com os nossos planos.




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CâncerMorteVida
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