A segunda das sete Antífonas do Ó é um clamor ao Senhor
“O Adonai, e Dux domus Israel,qui Moysi em igne flammae rubi apparuisti,et ei in Sina legem dedisti:veni ad redimendum nos in braquio extento.”“Ó Adonai, guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na sarça ardente
e lhe destes vossa lei sobre o Sinai:
vinde salvar-nos com o braço poderoso!”
“Adonai” significa”Senhor” em hebraico. No Antigo Testamento, essa palavra pode ser encontrada cerca de 450 vezes. A segunda das Antífonas do Ó, em suas quatro linhas curtas, é uma revisão abrangente da história da salvação.
A primeira linha nos lembra que os israelitas são o povo escolhido, liderado pelo próprio Deus como Criador e Sustentador. A referência a Moisés e a sarça ardente na segunda linha lembram toda a história do cativeiro e do êxodo dos israelitas do Egito. A lei, ou os Dez Mandamentos, nos leva a um relacionamento adequado com o Deus vivo e um com o outro. E, finalmente, a redenção por meio de braços estendidos naturalmente leva nossa mente para a cruz.
Hoje, a Igreja e seus fiéis clamam por seu Senhor, seu “Adonai”. O advento é, naturalmente, um tempo de expectativa. Mas também é uma época penitencial. É por isso que a cor litúrgica é roxa. E esse canto nos lembra essa realidade: somos pecadores. Ofendemos nosso Deus e, por isso, precisamos de um salvador. Esperamos com expectativa penitencial, sabendo que nosso Adonai virá, puro e imaculado, como um bebê pequeno nascido de uma Virgem.
Lembremos a profecia de Isaías aqui: “O Senhor é nosso juiz, o Senhor é nosso governante, o Senhor é nosso rei; ele nos salvará ”(Is. 33:22). As escrituras estão repletas dessa noção de penitência e expectativa de esperança.
É esse Senhor a quem a estrela anunciou. É esse Senhor a quem os pastores correram para ver. É esse Senhor a quem os Magos viajaram para prestar homenagem e trazer presentes. Esse menino deitado na manjedoura é realmente o Salvador de quem São Paulo escreve: “Em nome de Jesus todo joelho deve dobrar-se, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessa que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”(Filipenses 2, 10-11).
Nossa fé nada mais é do que fé na pessoa de Jesus Cristo, nosso Senhor e Adonai. Essa união de Deus e do homem, como descreve São Leão, não é nada menos que um mistério, mas um mistério que é nosso de se ver. E, como o profeta Isaías e os santos diante de nós, também clamamos por nosso Senhor, nos agarrando a ele com fé e esperança, aguardando nossa salvação. Venha nos redimir, ó Adonai!