Pe. Celso: “Você implicitamente se autoclassifica como ‘luz’. Permita que eu ponha essa presunção em discussão”O pe. Celso Pôrto Nogueira, da diocese de Vitória, ES, compartilhou em seu Facebook uma reflexão oportuna sobre as pessoas que, ao criticarem os outros de “obscurantistas”, estão implicitamente se autoproclamando como “iluminadas”.
Todos têm direito a argumentar segundo suas convicções, e eu nem sei por que comecei este texto com essa afirmação tão óbvia e que claramente não depende da minha sentença ou meu apoio para ser verdadeira. Só queria fazer um singelo pedido, principalmente aos que criticam posições de pessoas religiosas (independentemente da crítica, até porque muitas delas eu mesmo apoio):
Evite usar a palavra “obscurantismo”, “trevas”, etc para se referir a elas. Não porque não se aplique. Mas porque ao usá-las, você implicitamente se autoclassifica como “luz”, ou “da parte da luz”, como se isso fosse óbvio. Permita que eu ponha essa presunção em discussão. Porque o mundo que foi criado em nome dessa “luz” está a descoberto. É um mundo feio, degradado, triste e deprimente. Não fornece a ninguém nenhum sentido para a vida. O suicídio (imediato ou lento) se tornou a primeira causa de morte no mundo. Foi prometida em nome dessa “luz” a alegria, o prazer, a liberdade, a paz. E o que se vê em toda parte é tristeza, perda de gosto pela vida (até pelo sexo, dizem as últimas estatísticas; a comida o está substituindo como grande obsessão, então as pessoas vão se matar comendo até rebentar como naquele filme genial do Monty Python que, não por acaso, se intitulava “o sentido da vida”), patrulhas ideológicas, polícia do pensamento e da palavra, ódios, polarizações e guerras, em pequena ou grande escala. Agora vemos o que esteve sempre diante dos nossos olhos: o grande ícone prometeico-luciferiano da Liberty, nas águas de Manhattan, empunha uma luz que não ilumina, um fogo que não aquece, um livro que não pode ser folheado. É apenas mais um ídolo de pedra.
Então critique sim, tudo o que achar errado. Mas com a humildade de quem teve o mundo nas mãos e não conseguiu apresentar nada de melhor.
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