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Celibato sacerdotal: a manifestação do Papa Emérito Bento XVI e do cardeal Sarah

FRANCOIS-BENOIT-XVI

Handout / VATICAN MEDIA / AFP

Reportagem local - publicado em 14/01/20

Será oficialmente lançado amanhã, na França, o livro em que eles refletem sobre o dom e o sentido do celibato, defendendo a sua preservação

Será lançado amanhã, 15 de janeiro, na França, o livro do cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, com a inestimável contribuição do Papa Emérito Bento XVI, a respeito do sacerdócio e, particularmente, em defesa do celibato sacerdotal.

POPE SUDAN POLITICS PEACE
ALBERTO PIZZOLI / AFP

O jornal francês Le Figaro divulgou em primeira mão, no último domingo, 12 de janeiro, que o livro seria uma obra conjunta do Papa Emérito e do cardeal, com a exposição da contribuição pessoal de ambos ao debate suscitado pelo Sínodo da Amazônia, em outubro de 2019, a propósito de se ordenarem sacerdotes casados.

Entretanto, foi esclarecido hoje, 14, que, oficialmente, a autoria é do cardeal Sarah, com a contribuição do Papa Emérito Bento XVI:


POPE SUDAN POLITICS PEACE

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O conteúdo do texto permanece inalterado, segundo confirmação do próprio cardeal Sarah via Twitter. Bento e Sarah, que se definem em seus textos como dois bispos em filial obediência ao Papa Francisco e que buscam a verdade em espírito de amor pela unidade da Igreja, defendem a preservação da disciplina do celibato e apresentam seus pareceres e motivações para que ela não seja mudada.

Papa Emérito Bento XVI

Em sua contribuição ao livro, Bento XVI reafirma a união entre sacerdócio e celibato desde o início da nova aliança de Deus com a humanidade, estabelecida por Jesus, e recorda que, já na Igreja do primeiro milênio, os homens casados podiam receber o sacramento da ordem somente se estivessem comprometidos a respeitar a abstinência sexual.

Cardeal Sarah

Sarah recorda o elo ontológico-sacramental entre sacerdócio e celibato e afirma que qualquer enfraquecimento desse elo colocaria em discussão o magistério do Concílio e dos Papas São Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI. Ele define a eventual ordenação de homens casados como uma “catástrofe pastoral, uma confusão eclesiológica e um ofuscamento da compreensão do sacerdócio”, e acrescenta:

“Suplico ao Papa Francisco que nos proteja definitivamente de tal eventualidade, vetando qualquer enfraquecimento da lei do celibato sacerdotal, mesmo limitado a uma ou outra região”.

Cardeal Sarah homilia Catedral Chartres

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Papa Francisco

Em matéria sobre o livro, o Vatican News publicou artigo do vaticanista Andrea Tornielli no qual se recorda que o Papa Francisco, ainda cardeal, já se manifestava explicitamente favorável à manutenção do celibato,

com todos os prós e os contra que ele envolve, porque são dez séculos de experiências mais positivas do que de erros. A tradição tem um peso e uma validade“.

Em janeiro do ano passado, no voo de regresso do Panamá, Francisco reforçou que, na Igreja católica oriental, era possível a opção celibatária ou matrimonial antes do diaconato, mas, a propósito da Igreja latina, acrescentou:

“Vem-me à mente aquela frase de São Paulo VI: ‘Prefiro dar a vida antes que mudar a lei do celibato’. Veio-me à mente e quero dizê-la, porque é uma frase corajosa, num momento mais difícil do que o atual [o contexto era o de 1968]. Pessoalmente, penso que o celibato é uma dádiva para a Igreja (…) Não estou de acordo com permitir o celibato opcional”.

Na mesma resposta, Francisco também falou da discussão existente entre teólogos sobre a possibilidade de conceder exceções para algumas regiões remotas, como as ilhas do Pacífico, mas acrescentou:

“A minha decisão é: celibato opcional antes do diaconato, não. É uma coisa minha, pessoal… Eu não o farei: que isto fique claro. Sou fechado? Talvez. Mas não me sinto capaz, diante de Deus, de tomar essa decisão”.

O site de notícias do Vaticano recorda que, em 26 de outubro de 2019, no discurso conclusivo do Sínodo da Amazônia, o Papa Francisco não mencionou em momento algum a ordenação de homens casados. Em vez disso, ele comentou as quatro dimensões do Sínodo, a cultural (inculturação), a ecológica, a social e a pastoral, e pediu que os jornalistas divulgassem os “diagnósticos” sobre tais dimensões e não supostas conclusões disciplinares.

O artigo do Vatican News observa que o celibato sacerdotal não é um dogma, e sim uma disciplina eclesiástica da Igreja latina, definido por todos os últimos Papas como um “dom precioso”.

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Com informações do Vatican News

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