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Carta de uma afilhada ao padrinho com síndrome de Down – depois do funeral dele

Jean-Eudes Lorne

Violaine des Courières | Facebook | Fair Use

Mathilde de Robien - publicado em 22/01/20

"Aqui na terra você foi um dos menores entre nós. No Céu, você será sempre um dos maiores. A marca que você deixa aqui na terra é o seu sorriso luminoso como o sol"

Jean-Eudes Lorne partiu desta vida no dia 2 de janeiro de 2020, na região francesa de Sarthe, aos 64 anos.

Com a trissomia 21, conhecida como síndrome de Down, ele cumpriu com excelência o seu papel de padrinho da sobrinha Violaine, filha de uma de suas irmãs. A afilhada lhe prestou uma homenagem magnífica no dia seguinte ao seu funeral, em Notre-Dame-de-Sainte-Croix, Mans, na terça-feira, 7 de janeiro.

Violaine de Courières, 31 anos, é casada e mãe de dois filhos. Jornalista, teve a particular experiência de ter como padrinho um tio com a trissomia 21. O “tio Jean-Eudes”, como ela o chama carinhosamente, lhe transmitiu desde a primeira infância a capacidade de aceitar a vida em outro ritmo.

Essa graça também foi testemunhada pela irmã de Jean-Eudes, Guillemette, que, durante 15 anos, o acolheu em sua casa, após a morte dos seus pais:

“Estimulei Jean-Eudes, mas foi ele quem me deu uma razão para viver. Isso me ajudou a me transformar internamente, a me deixar mais simples, a ser mais humana”.

Uma bela unidade familiar se formou ao redor de Jean-Eudes, que tinha 9 irmãos e mais de 40 sobrinhos! Mesmo mais frágil e de ritmo mais lento que os outros, ele foi um elemento central na família graças à sua bondade e devoção. Era ele quem cortava a grama, se encarregava dos pequenos recados, preparava os pratos com grande cuidado. Violaine observa:

“Na verdade, o simples fato de estarmos atento ao tio Jean-Eudes nos unia”.

Eis o tributo que ela prestou ao padrinho:

“Meu padrinho, tio Jean-Eudes, faleceu na sexta-feira passada. Seu funeral foi ontem… Ele tinha trissomia 21 e não foi nada banal ter um padrinho assim.Entrar em comunicação com ele significava aceitar entrar num mundo com menos ‘performance’; um mundo mais lento. Ele tinha dificuldades para se expressar; gaguejava. Para ouvi-lo, era preciso ter paciência. Muitas vezes, quando eu era criança, ela me pedia um ‘desenho’. Eu me apressava para fazer logo. Mas lá vinha ele pedindo algum detalhe a mais: ‘um arco-íris’, depois ‘flores’, ‘nuvens’, ‘chuva’… Eu fazia com mais pressa ainda, porque queria sair logo para brincar. Mas era preciso ter paciência.No Natal, quando ele dava um presente – preparado pela sua irmã mais velha -, ele segurava o pacote nos braços, não queria me entregar. Minha tia precisava convencê-lo. Isso também era uma cerimônia que exigia paciência.Com ele, aprendi muito jovem que a fragilidade e a vulnerabilidade fazem parte da vida. E podem se transformar em graças!Tio Jean-Eudes, muito tempo atrás, num pedaço de papel que só encontramos vários anos depois, preso num crucifixo, você escreveu com grandes letras: ‘Os outros são bonitos e eu não sou, os outros são inteligentes e eu não sou, mas no Céu será diferente’.Aqui na terra você foi um dos menores entre nós. No Céu, você será sempre um dos maiores. A marca que você deixa aqui na terra é o seu sorriso luminoso como o sol.Obrigada por tudo que você me ensinou.A sua afilhadaViolaine”
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DR
Jean-Eudes Lorne


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