A solene leitura do Evangelho tem um simbolismo rico, enraizado na reverência à Palavra de DeusNo rito romano da Igreja Católica, há uma procissão do Evangelho que ocorre em celebrações mais solenes. Se houver servidores suficientes, o Evangelho é acompanhado por duas velas acesas e um incenso.
Essa tradição tem uma longa história, datando possivelmente dos séculos III ou IV. Nikolaus Gihr, em seu livro The Holy Sacrifice of the Mass (“O Sagrado Sacrifício da Missa”), explica o simbolismo das velas:
“São Jerônimo já defendia o significado mais elevado desse costume muito antigo de acender velas na hora do Evangelho, na medida em que ele insiste em que, desse modo, devemos dar expressão à alegria e ao júbilo de nossos corações pelas boas-novas da salvação. Acima de tudo, a luz, pelo seu brilho, simboliza Jesus Cristo … Por meio do Evangelho, Cristo é a luz do mundo, pelo Evangelho, Deus nos chamou para a maravilhosa luz da verdade e graça cristãs. Neste vale sombrio da terra ‘Tua palavra é uma lâmpada para os meus pés, e uma luz para os meus caminhos”[(Sl. 118, 105) … Da palavra de Deus irradia uma luz segura para nos guiar em meio às várias direções, bem como em meio a vários desejos, obstáculos e perigos que encontramos neste caminho tão severo e difícil de ser determinado.”
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A presença de velas também aumenta nossa consciência na Missa, alertando-nos sobre algo importante que está acontecendo no altar. O Evangelho contém as palavras do próprio Jesus e, portanto, somos exortados a prestar atenção especial à sua mensagem.
No que diz respeito ao incenso, o simbolismo também é rico e aponta para uma realidade espiritual mais profunda.
“Em primeiro lugar, o incenso deve ser considerado como um ato de santa reverência, uma marca religiosa de honra às ‘palavras de vida eterna’, que o Senhor nos fala. As nuvens perfumadas que envolvem o livro lembram que, pelo anúncio do Evangelho, se espalha no exterior e em torno do bom odor o preeminente conhecimento de Jesus Cristo … O incenso além disso nos adverte que O Evangelho deve ser anunciado pelo diácono e também pelo sacerdote, e deve ser ouvido pelos fiéis e depositado em seus corações… A doce fragrância do incenso também simboliza, finalmente, uma vida virtuosa e temente a Deus … A virtude, de fato, exala um perfume doce e refrescante. Para provar isso, o Senhor muitas vezes permitiu maravilhosamente que os corpos dos santos em sua vida ou após a morte exalassem um aroma doce, totalmente sobrenatural e celestial.”
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Enfim, a procissão do Evangelho nos lembra que todos os gestos da Missa são preenchidos com um propósito e devem lembrar verdades espirituais profundas nas quais podemos refletir pelo restante celebração.