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Pesquisa brasileira: vida sexual precoce pode levar a baixa autoestima e depressão

Aleteia Brasil - publicado em 31/01/20

“Há uma lacuna deixada pela família no campo afetivo desses jovens. Infelizmente, muitos adolescentes não têm certeza de que são amados por seus pais”Uma pesquisa que envolveu mais de 6 mil adolescentes de 12 a 15 anos, publicada em dezembro de 2019 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que os estudantes cujos pais são permissivos ou negligentes têm o dobro de probabilidade de uma iniciação sexual precoce, o que tem relação com a percepção de desinteresse dos pais pela sua rotina e a consequente busca de atenção e carinho em parceiros sexuais.

A mesma pesquisa também indica, porém, que, em vez de preencherem o vazio emocional, esses adolescentes tendem a desenvolver novos problemas emocionais, como ansiedade, depressão e transtornos alimentares – sem falar no risco de gravidez, já que não existe método contraceptivo 100% eficaz, e no de contrair alguma doença sexualmente transmissível (DST).

A psicóloga e orientadora familiar Lélia Bueno de Melo, consultada pela reportagem do site Sempre Família, do jornal paranaense Gazeta do Povo, comenta:

“Há uma lacuna deixada pela família no campo afetivo desses jovens. Infelizmente, muitos adolescentes não têm certeza de que são amados por seus pais”.

Ela acrescenta que essas experiências sexuais imaturas afetam a autoestima do adolescente e a sua capacidade de estabelecer relacionamentos sólidos, porque os momentos íntimos sem compromisso levam o adolescente, ainda em fase de conhecimento do próprio corpo e de organização dos próprios pensamentos, a buscar relações românticas superficiais e, por conseguinte, a sentir maior dificuldade em estabelecer vínculos sólidos.

A coordenadora do estudo é a doutora em psicobiologia Zila Sanchez, que também coordena o Núcleo de Pesquisa em Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas da Unifesp. Ela observou, ainda, que os adolescentes com vida sexual ativa têm mais chance de usar substâncias ilícitas, além de tabaco e álcool, que reduzem a percepção de risco e os fazem sentir-se “corajosos” para experimentar comportamentos perigosos.

Lélia ressalta a importância da tarefa dos pais de desenvolver uma boa autoestima dos filhos, o que envolve explicar com naturalidade que a atividade sexual está ligada ao conceito que eles têm de si mesmos:

“É preciso valorizar a sua dignidade como pessoa. Nós nascemos para ser amados profunda e inteiramente, então precisamos disso em nossos relacionamentos. Pais afetivos, fortes e atuantes favorecem o desenvolvimento normal da saúde afetiva e sexual do adolescente. Quem é amado não se vende barato”.

Não custa lembrar que a televisão, o cinema e muitos portais na internet apresentam o sexo na adolescência como parte da rotina dessa fase da vida, induzindo os adolescentes a buscarem experiências precoces também na tentativa de se sentirem parte do rebanho. Este é outro aspecto recorrente da baixa autoestima.


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