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O que acontece no seu cérebro quando você brinca com seus filhos

PAIS BRINCANDO COM OS FILHOS

Ruslan Guzov - Shutterstock

Maria José Fuenteálamo - publicado em 12/02/20

Pesquisadores descobriram uma surpreendente sincronia neural entre o cérebro de pais e filhos durante as brincadeiras

Brincar de esconde-esconde, chutar uma bola ou empurrar carrinhos… Colorir, cantar, brincar de boneca… Qualquer coisa! Brinque, brinque, brinque com seus filhos! Segundo a ciência, essa é uma das melhores maneiras de contribuir para o desenvolvimento dos pequenos e dos adultos.

Um estudo de Princeton

Já sabemos que brincar ajuda as crianças a crescer, a desenvolver a criatividade, a desempenhar papéis específicos, a enfrentar o mundo. E também acontece que brincar com a mamãe e o papai cria uma conexão especial entre a criança e o adulto. Um estudo da Universidade de Princeton acabou de confirmar isso. A pesquisa é um avanço na neurociência. Segundo esse estudo, os cérebros de pais e filhos são sincronizados quando eles brincam e estabelecem contato visual. E isso ajuda no desenvolvimento de ambos, porque, nessa sincronização, nem sempre é o adulto que “lidera” o jogo.

Nós já sabíamos que o contato pele a pele da criança com a mãe e o pai (que começa após o nascimento), além de abraços e beijos diários ajudam as crianças a desenvolver a segurança e a confiança emocional.

Uma nova descoberta

Agora, sabemos que brincar com crianças cria um vínculo único e forte, que vai além da própria brincadeira. O que a Universidade de Princeton acaba de concluir é que o cérebro do adulto e o da criança – mesmo que a criança seja apenas um bebê – registram aumento da atividade neuronal durante as brincadeiras.

O cérebro do seu filho e o seu são sincronizados quando vocês se tocam.
Este é o primeiro estudo de como o cérebro se comporta quando pais e filhos brincam. Descobrir que há atividade neuronal semelhante em ambos é uma descoberta importante. A pesquisa, disse a equipe em um comunicado de imprensa, foi realizada no Princeton Baby Lab, onde pesquisadores da universidade estão estudando como as crianças “aprendem a ver, conversar e entender o mundo”.

“Sincronização neuronal” entre pais e filhos

“Pesquisas anteriores mostraram que os cérebros dos adultos são sincronizados quando assistem filmes e ouvem histórias, mas pouco se sabia sobre como essa ‘sincronia neural’ se desenvolve nos primeiros anos de vida”, explica Elise Piazza. Piazza, autora do artigo que descreve a pesquisa, é pesquisadora associada do Instituto de Neurociência de Princeton (PNI).

Piazza e seus co-autores dizem que “a sincronia neural tem implicações importantes para o desenvolvimento social e o aprendizado de idiomas”.

Segundo os pesquisadores, isso é surpreendente, porque a sincronização ocorre no córtex pré-frontal do cérebro, onde é realizado o “aprendizado, o planejamento e o funcionamento executivo”. É uma região do cérebro que, até agora, não se pensava se desenvolver significativamente na primeira infância.

Você pode não imaginar que seu bebê direciona seu cérebro quando brinca com ele, mas o estudo de Princeton mostra que isso acontece e que é benéfico para pais e filhos.

Bebês no comando

Uma coisa que surpreendeu os pesquisadores é o papel de liderança que até pequenos bebês podem assumir. “Também ficamos surpresos ao descobrir que o cérebro do bebê muitas vezes está ‘liderando’ o cérebro do adulto por alguns segundos, sugerindo que os bebês não apenas recebem passivamente informações, mas podem guiar os adultos na próxima coisa em que focarão: qual brinquedo pegar, que palavras dizer ”, diz Lew-Williams, co-diretor do Princeton Baby Lab.

“Enquanto se comunicam, o adulto e a criança parecem formar um ciclo de feedback”, continua Piazza. “Ou seja, o cérebro do adulto parece prever quando os bebês vão sorrir, os cérebros dos bebês antecipam quando o adulto vai usar mais ‘conversa de bebê’, e ambos os cérebros rastreiam o contato visual dos olhos e a atenção comum aos brinquedos”.

Múltiplas aplicações

As conclusões do estudo abrem direções interessantes para novas pesquisas. Os resultados podem ajudar quem trabalha com crianças autistas, por exemplo, a otimizar o aprendizado de idiomas desde muito cedo. Mas não há necessidade de fazer uma viagem especial a um grande laboratório universitário para obter resultados surpreendentes.

Agora que sabemos como é bom brincar com nossos filhos, vamos brincar mais!

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