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Espiritualidade
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Uma carta da Irmã Lúcia, vidente de Fátima, sobre a grandiosidade do Santo Terço

FATIMA

Joao Paulo Trindade | AFP

Reportagem local - publicado em 17/02/20

"Nestes tempos de desorientação diabólica, nos não deixemos enganar por falsas doutrinas"

O texto seguinte foi escrito pela Irmã Lúcia, que, na infância, tinha sido uma das três crianças que testemunharam a aparição de Nossa Senhora em Fátima. Ele trata da natureza e da recitação do terço e faz parte de uma coletânea de excertos de cartas escritas por ela entre 1969 e 1971.

Coimbra, 4 de dezembro de 1970 Querida Maria Teresa, Pax Christi, A nossa Madre recebeu a sua carta e pede desculpa de não responder pessoalmente; mas não lhe é possível neste momento, em que está com tanto que fazer por causa da próxima fundação do novo Carmelo de Braga. Por este motivo, entregou-me a carta para que responda eu. É o que venho fazer. A nossa Madre não pode dar a licença que a Maria Teresa deseja. Mas também não é necessária. Eu não devo nem posso pôr-me em evidência. Devo permanecer em silêncio, na oração e na penitência. É a maneira como melhor posso e devo auxiliar. É preciso que todo o apostolado tenha, como base, este fundamento; e esta é a parte que o Senhor escolheu para mim; orar e sacrificar-me pelos que lutam e trabalham na vinha do Senhor e pela extensão do seu Reino. É por este motivo que o meu nome não deve aparecer. Em vez dele, é muito mais eficaz que se sirva do Nome de Nossa Senhora, sugerindo o movimento como “Cumprimento” da Mensagem, apresentando como argumento a insistência com que Nossa Senhora pediu e recomendou que se reze o Terço todos os dias, repetindo o mesmo em todas as Aparições, como que prevenindo-nos para que, nestes tempos de desorientação diabólica, nos não deixemos enganar por falsas doutrinas, diminuindo na elevação da nossa alma para Deus, por meio da oração. Por certo, não é preciso rezar o Terço durante a celebração do Santo Sacrifício da Missa: tempo deve haver para a Santa Missa e tempo para rezar o Terço: Podemos e devemos tomar parte numa coisa sem deixar a outra. O Terço é, para a maioria das almas que vivem no mundo, como que o pão espiritual de cada dia; e privá-las ou tirar-lhes esta oração, isto é, diminuir nos espíritos o apreço e a boa fé com que a rezavam, é, na parte espiritual, o mesmo ou mais ainda; tanto mais quanto a parte espiritual é superior à material. Digo: É como se na parte material privassem as pessoas do pão necessário à vida física. Infelizmente, o povo, na sua maioria, em matéria religiosa, é ignorante e deixa-se arrastar por onde o levam. Daí, a grande responsabilidade de quem tem a seu cargo conduzi-lo; e todos nós somos condutores uns dos outros, porque todos temos o dever de ajudar-nos mutuamente, e andar pelo bom caminho. Além do que tenho dito, será bom que à oração do Terço se dê um sentido mais real que aquele que se lhe tem dado, até aqui, de simples oração “mariana”. Todas as orações que rezamos no Terço são orações que fazem parte da Sagrada Liturgia; e, mais que uma oração dirigida a Maria, é dirigida a Deus: — O Pai-Nosso foi-nos ensinado por Jesus Cristo, dizendo: “Rezai, pois, assim: Pai Nosso, que estais nos Céus…” — “Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo …” é o hino que cantaram os Anjos enviados por Deus para anunciar o nascimento do Seu Verbo, Deus feito homem. — A Ave-Maria, bem compreendida, não é menos uma oração dirigida a Deus: “Ave, Maria, gratia plena, Dominus tecum“: Eu te saúdo, Maria, porque contigo está o Senhor! Estas palavras são, com certeza, ditadas pelo Pai ao Anjo, quando o enviou à terra, para que com elas saudasse Maria. Sim! O Anjo veio dizer, a Maria, que ela era cheia de Graça não por ela, mas porque com ela estava o Senhor! — “Bendita sois vós entre as mulheres e Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”: Estas palavras, com que Isabel saudou a Maria, foram-lhe ditadas pelo Espírito Santo, diz-nos o Evangelista: “Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, … ficou cheia do Espírito Santo. Erguendo a voz, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto de teu ventre”. Sim! Porque esse fruto é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem! Assim, esta saudação é um louvor a Deus: És bendita entre as mulheres, porque é Bendito o fruto do teu ventre; e porque tu és a Mãe de Deus feito homem, em Ti adoramos a Deus como no primeiro Sacrário, no qual o Pai encerrou o Seu Verbo; como primeiro Altar, o teu Regaço; primeira Custódia, os teus braços, diante dos quais se ajoelharam os Anjos, os pastores e os reis, para adorar o Filho de Deus feito homem! E porque tu, ó Maria, és o primeiro Templo vivo da Santíssima Trindade, onde mora o Pai, o Filho e o Espírito Santo; “o Espírito virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo, que vai nascer, há-de chamar-se Filho de Deus” (Lc. 1, 35). E, já que és um Sacrário, uma Custódia, um Templo vivo, morada permanente da Santíssima Trindade, Mãe de Deus e Mãe nossa, “roga por nós, pobres pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Quem poderá negar que isto é uma oração e um louvor dirigido a Deus?! Será mais que para dirigir a Deus os nossos louvores, as nossas adorações, as súplicas, nos ajoelhemos diante de altares de madeira, pedra ou metal, ou de custódias douradas, insensíveis, incapazes de rogar por nós?! Certo é que São Paulo diz que há um só Medianeiro junto do Pai. Sim! Como Deus, há um só, que é Jesus Cristo. Mas o mesmo Apóstolo pede que roguem por ele e recomenda que roguemos uns pelos outros. Poderia, então, o Apóstolo não crer que a oração de Maria não fosse tão agradável a Deus como a nossa?! É a desorientação diabólica que invade o mundo e engana as almas! É preciso fazer-lhe frente; e para isso pode servir-se do que aqui lhe digo. Mas como coisa sua, sem dizer o meu nome; como coisa que lhe sai ao correr da pena. E, na verdade, sua é, porque, na qualidade de membros que somos do Corpo Místico de Cristo, tudo é nosso, porque tudo é da Cabeça, Cristo Jesus. E fico no meu lugar, rezando por si, por todos aqueles que consigo vão trabalhar, para que seja uma campanha que dê muita glória a Deus, leve muita luz e graça às almas, paz à Santa Igreja e ao mundo ensanguentado em guerras. Talvez também fosse bom apresentar a campanha, não só como cumprimento da Mensagem, mas também como campanha de oração e penitência pela paz do Mundo, da Santa Igreja e de Portugal nas Províncias Ultramarinas. E que Portugal, que é tão devoto da Eucaristia e de Maria, seja o primeiro a reconhecer que a oração do Terço não é somente uma oração Mariana, mas também Eucarística. E, por isso, nada deve impedir que se possa rezar diante do Santíssimo Sacramento. Em prova disto está que o Santo Padre Pio XI havia concedido indulgência plenária a quem rezasse o Terço diante do Santíssimo; e recentemente foi de novo concedida a mesma indulgência por Sua Santidade Paulo VI. É, pois, preciso rezar o Terço, nas Cidades, nas Vilas e nas Aldeias, pelas ruas, pelos caminhos, de viagem ou em casa, nas igrejas e capelas! É a oração acessível a todos, e que todos podem e devem rezar. Há muitos que diariamente não assistem à oração litúrgica da Santa Missa; se não rezam o Terço, que oração fazem?! E, sem oração, quem se salvará?! “Vigiai e orai para não entrardes em tentação”. É preciso, pois, orar, e orar sempre. Isto é, que todas as nossas atividades e trabalhos sejam acompanhados de um grande espírito de oração, porque é na oração que a alma se encontra com Deus; e é nesse encontro que se recebe graça e força, ainda mesmo quando ela é acompanhada de distrações. Ela leva sempre às almas um aumento de Fé, ainda que não seja mais que a recordação momentânea dos mistérios da nossa Redenção, lembrando o Nascimento, Morte e Ressurreição do nosso Salvador; e Deus saberá descontar e perdoar o que toca à humana franqueza, ignorância e pouquidade. Quanto à repetição das Ave-Marias, não é como querem fazer crer que seja uma coisa antiquada. Todas as coisas que existem e foram criadas por Deus se mantêm e conservam por meio da repetição, continuada sempre, dos mesmos atos. E ainda a ninguém ocorreu chamar antiquado ao sol, lua, estrelas, aves e plantas etc., porque giram, vivem e brotam sempre do mesmo modo! E são bem mais antigos que a reza do Terço! Para Deus, nada é antigo. São João diz que os bem-aventurados, no Céu, cantam um cântico novo, repetindo sempre; Santo, Santo é o Senhor, Deus dos Exércitos! É novo, porque, na luz de Deus, tudo aparece com novo brilho! Um grande abraço da sempre em união de orações. Irmã Lúcia i.c.d.



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