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Paquistão: “situação piora de dia para dia” por causa das conversões forçadas

CHRZEŚCIJANKI, PAKISTAN

gary yim | Shutterstock

Fundação AIS - publicado em 23/02/20

O Arcebispo de Lahore, recentemente de passagem por Portugal, comentou o problema

Continuam as ondas de choque por causa da aplicação da lei islâmica, a ‘sharia’, pelo Tribunal de Karachi no caso de sequestro de uma rapariga cristã de 14 anos. Ignorando a própria lei, que não permite o casamento de pessoas menores de idade, os juízes validaram na passada segunda-feira, dia 3 de Fevereiro, o casamento forçado de Huma Younus, uma rapariga cristã raptada em Outubro do ano passado em Zia Colony, na cidade de Karachi.

Este caso está a provocar um sentimento de insegurança na comunidade cristã. Em declarações em exclusivo à Fundação AIS em Lisboa, Joel Amir Sahotra, um ex-deputado na Assembleia do Punjab, diz que, “após a decisão do Tribunal no caso de Huma Younus, sentimo-nos ainda mais inseguros do que antes”, sublinhando que se tem vindo a agravar os casos relacionados com as conversões forçadas.

Para este dirigente da comunidade cristã paquistanesa, “a situação está a piorar de dia para dia” e afecta tanto cristãos como hindus. O caso da jovem Younus tem sido visto com enorme perplexidade. “Huma Younus tem 14 anos e legalmente não se pode casar, mesmo aos olhos do tribunal, porque não tem 18 anos, que é a idade legal para poder casar no Paquistão.”

A decisão do Supremo Tribunal de Karachi está a provocar, afirma Joel Amir, “um sentimento de insegurança entre a comunidade cristã”, que condena “totalmente” a decisão dos juízes. Apesar do revés provocado pela sentença judicial, este caso ainda não está encerrado. “Obviamente temos de recorrer ao Supremo Tribunal e espero que aí consigamos alguma justiça, tal como conseguimos no caso de Asia Bibi”, explica ainda o ex-deputado na Assembleia regional do Punjab.

O caso de Huma Younus veio colocar na ordem do dia a questão dramática do sequestro de raparigas no Paquistão, problema que afecta principalmente as comunidades cristã e hindu, duas das principais minorias religiosas neste país muçulmano. Normalmente, as jovens depois de raptadas são violentadas e forçadas à conversão ao Islão, sendo depois dadas em casamento a homens mais velhos.

O Arcebispo de Lahore, recentemente de passagem por Portugal, comentou este caso, lembrando que, só no ano passado, houve “cerca de uma centena” de sequestros de raparigas cristãs no Paquistão. “Sei que [Huma] foi raptada e depois foi violada”, afirmou D. Sebastian Shaw.

Para o prelado, também em declarações à Fundação AIS, o sequestro de jovens raparigas “significa que alguma coisa está errada na sociedade”. Não há números concretos sobre esta realidade dramática. Em relação ao ano passado, por exemplo, ano em que ocorreu o sequestro da jovem Younus, o Arcebispo de Lahore avança apenas com uma indicação genérica: “Não sei os números exactos, mas foram muitos, muitos casos. Talvez uma centena, talvez um pouco menos. Do Punjab, de onde eu venho, também houve casos e muitas [destas raparigas] são menores de idade.”

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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