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Brasil confirma caso de coronavírus, o primeiro na América Latina

CORONAVIRUS

DIDA SAMPAIO | Agência Estado

Agências de Notícias - publicado em 26/02/20

O governo pediu que se evite pânico, limitando-se a orientar a população a "evitar aglomerações desnecessárias"

O Ministério da Saúde do Brasil confirmou nesta quarta-feira (26) o diagnóstico de contágio pelo novo coronavírus de um brasileiro residente em São Paulo, que se tornou o primeiro caso da doença na América Latina.

O paciente, de 61 anos, havia retornado em 21 de fevereiro da região da Lombardia, norte da Itália, onde foi registrada a maioria dos casos de infecção no país europeu.

O diagnóstico inicial “foi confirmado”, disse o ministro Luiz Henrique Mandetta, em entrevista coletiva em Brasília.

Ele detalhou que o indivíduo não apresentava “nenhum sintoma, nem quadro febril” ao chegar ao Brasil na sexta-feira.

“Continuou assim no sábado e, no domingo, participou de uma reunião de família”, mas na segunda-feira procurou atendimento médico, apresentando mal-estar, relatou o ministro.

Mandetta explicou que as pessoas que tiveram contato esporádico com o paciente, assim como cerca de 30 familiares e contatos mais próximos estão sendo identificadas para medidas preventivas.

O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, informou que o paciente “está bem” e em isolamento domiciliar até que os sintomas desapareçam. Depois “voltará à vida normal”, afirmou.

O governo do estado criou um comitê de contingência para monitorar e coordenar ações contra a disseminação do vírus.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, na grande São Paulo, estava tranquilo nesta quarta-feira. Alguns funcionários usavam máscaras, mas nenhuma operação especial era visível no terminal.

Outros 20 casos estão sob investigação no Brasil, disse o secretário Wanderson Kleber de Oliveira.

A idade média desses pacientes é inferior a 42 anos. Doze dos casos suspeitos viajaram para a Itália, dois para a Alemanha, dois para a Tailândia, um para a França e um para a China, acrescentou na coletiva.

– Evitar o pânico –

Mandetta comentou que o novo coronavírus, identificado na China no final do ano passado, pode ter um comportamento diferente no verão do que nos países do hemisfério norte, em pleno inverno.

Em uma entrevista antes da confirmação, a autoridade da saúde pediu calma e comparou o novo coronavírus a uma “gripe”.

O governo pediu que se evite pânico, limitando-se a orientar a população a “evitar aglomerações desnecessárias”. Descartou, porém, medidas de isolamento.

Mandetta explicou que não será decretado o fechamento das fronteiras e que medidas prévias para todos os viajantes não são produtivas.

“A regra continua sendo que, se a pessoa tem sintomas, não viaja. E, se viajou, deve informar as autoridades ao chegar”, completou.

“Não existem fronteiras. É outra gripe que a humanidade terá que enfrentar”, comentou o ministro, que destacou que a taxa de mortalidade é inferior a 3% dos casos confirmados.

O Brasil faz fronteira com praticamente todos os países da América do Sul (exceto Chile e Equador). Embora latino-americanos tenham sido infectados, ou colocados em quarentena em outras regiões, até o momento não havia casos confirmados na América Latina.

– Queda na bolsa –

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de cerca de 7% nesta quarta, na primeira sessão após dois dias de feriado de carnaval no Brasil, período em que a economia global e nos mercados financeiros foram afetados pelos efeitos da epidemia.

O dólar registrou uma alta histórica, ao ser cotado a R$ 4,421, contra os R$ 4,394 da sexta-feira.

A epidemia também começou a afetar a indústria de produtos eletrônicos no país, altamente dependente da compra de insumos do país asiático.

Cerca de 57% das empresas do setor enfrentam problemas para receber materiais da China, o maior parceiro comercial do Brasil, segundo pesquisa divulgada na sexta-feira passada pela Associação Brasileira das Indústrias Elétricas e Eletrônicas (Abinee).

As exportações brasileiras para o país asiático podem diminuir, por sua vez, entre 10% e 15%, devido ao vírus e à trégua comercial entre China e Estados Unidos, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV).

(AFP)

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