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Você não consegue melhorar? Tente a humildade

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Carlos Padilla Esteban - publicado em 09/03/20

Não fique obcecado em subir a qualquer custo, há algo mais importante

A montanha é uma imagem da Quaresma. Partindo do deserto, na planície, eu subo a montanha. Saio do vale e subo até os cumes.

Eu gosto de escalar montanhas. O esforço me assusta no início. Então eu vou devagar, passo a passo. E à medida que avanço, melhora.

O sol, o calor, o cansaço, tudo pesa. Mas eu não me desespero. Espero chegar ao cume. É o desejo da alma, não baixar a guarda, não jogar a toalha, não parar de lutar.

Quero alcançar o lugar mais alto e tocar o cume mais alto.

O coração não está satisfeito em viver no vale, na planície, onde falta altura para ver a paisagem que me cerca.

Muitas vezes as árvores não me deixam ver a floresta. Os problemas me perturbam e não me deixam provar a vida, aproveitar o que funciona no meu ambiente.

O coração anseia pelos cumes, sonha em subir ao topo e daí ter uma vista privilegiada do vale. Eu quero avançar. No caminho, um passo segue o outro. E o coração continua sonhando.

Quando você chega ao topo, as coisas parecem diferentes. Dizem que no topo da montanha os problemas de antes parecem pequenos.

É verdade que os problemas atuais permanecem grandes, com certeza, mas eles não me afetam mais da mesma maneira. O peso da tempestade nos meus ombros pode ser o mesmo, mas minha mudança de perspectiva diminui o peso.

O ânimo é tudo para continuar lutando. Importa muito mais que o físico. Se eu afundar em depressão e tristeza, é impossível seguir em frente, mesmo que eu esteja fisicamente apto.

O ânimo desempenha um papel decisivo. É a centelha que me ajuda a superar essa barreira intransponível que me separa do sucesso. Meu ânimo me ajuda a subir as encostas mais íngremes. Ou me retém no vale, incapaz de dar outro passo.

A montanha parece grande demais para minha força quando estou cabisbaixo. Então a chave está no meu olhar, na minha atitude. O novo olhar é o que muda a realidade.

Hoje penso nas montanhas da minha vida. Aquelas cúpulas que despertaram todos os meus desejos. Aquelas montanhas que eu subo para ficar sozinho, em paz, mais perto de Deus.

Quem me incentivou a subir alto quando eu duvidava de minhas forças? Alguém me encorajou. Alguém me deu a mão quando eu mal podia avançar.

Jesus pega seus amigos pela mão e os puxa. Ela os submete a um esforço maior, encorajando-os na ascensão. Ele quer que eles cheguem ao cume com ele.

Nem sempre tenho forças para subir sozinho. Eu não tenho coragem. Eu preciso de pessoas próximas a mim para puxar meu braço, para me tirar da minha apatia e tristeza.

Digo: “Aguardamos o Senhor. Ele é nossa ajuda e nosso escudo”.

Para isso eu tenho que reconhecer minha pobreza. Eu sou pequeno. Só com a minha força não consigo avançar. Eu preciso que Jesus me arraste. Eu preciso do elevador que me leva às alturas.

Eu quero caminhar até o cume nos braços de Jesus. Somente três apóstolos foram escolhidos naquela tarde para escalar o monte Tabor. Pedro, João e Tiago. Os mais próximos.

E os outros? Eles não tiveram a possibilidade de subir com Jesus para o Tabor. Eles ficaram na planície. Eles não viram sua glória. Eu estaria entre os escolhidos de Jesus? Ficaria feliz em ver outros irem enquanto eu ficasse no vale?

Eu gosto de estar em todas as festas. Ser levado em consideração e valorizado sempre. Dói quando os outros são mais apreciados que eu.

Eu quero ser um daqueles filhos favoritos de Jesus. Um dos chamados a estar com Ele em momentos importantes. Eu gosto de me sentir especial em suas mãos.

Quero escalar os cumes ao lado dele e ser o mais próximo. E quando não me sinto tão valorizado e escolhido? Ciúme e inveja surgem. Eu me sinto desprezado.

Hoje, é bom me alegrar quando os outros são mais valorizados do que eu, mais apreciados. Dizia o cardeal Rafael Merry del Val em suas ladainhas de humildade:

Do desejo de ser elogiado, do desejo de ser aplaudido, do desejo de ser preferido aos outros, do desejo de ser consultado, do desejo de ser aceito, do medo de ser humilhado, do medo de ser desprezado, do medo de ser repreendido, do medo de ser caluniado, do medo de ser esquecido, do medo de ser ridicularizado, do medo de ser insultado, do medo de ser rejeitado, livrai-me Senhor. Que outros sejam mais amados que eu, que outros sejam mais estimados que eu, que outros cresçam e despertem uma melhor opinião das pessoas e eu diminua, que outros sejam elogiados e que eu seja ignorado, que outros sejam empregados em cargos e eu seja julgado inútil, que os outros sejam preferidos a mim em tudo, que os outros sejam mais santos do que eu, desde que eu seja o mais santo possível.

Peço para viver assim. Alegre quando me escolhem e também feliz quando me deixam de lado. Com paz nos dois momentos. Quando sou apreciado e quando não sou.

Quando eu consigo escalar o cume e quando fico sozinho no vale por não ter sido levado em consideração. Sempre feliz.

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