East Harlem era considerado o bairro mais perigoso de Manhattan.
Crimes violentos atormentavam a comunidade enquanto suas ruas ficavam vermelhas com o sangue das guerras de gangues.
A Pleasant Avenue será lembrada para sempre nos anais da história como o berço da máfia da cidade.
E houve os tumultos históricos de 35, 42 e 64, todos contribuindo para a notória reputação que assombra os becos ao norte da 96th Street até hoje.
Mas nem sempre foi assim.
No início de 1800, era uma paisagem extensa pontilhada com propriedades de ricos fazendeiros e proprietários de terras, incluindo a propriedade de Alexander Hamilton: a Hamilton Grange.
Quando as ondas de imigração começaram a conduzir as fronteiras para o norte, os posseiros passaram a residir na que seria a primeira favela de East Harlem ao longo do rio. Grandes comunidades de imigrantes irlandeses, afro-americanos e alemães reuniram-se na área inicialmente. E depois vieram os italianos.
Quando os primeiros imigrantes italianos chegaram a East Harlem, eles se viram em uma minoria indesejável. As divisões étnicas eram profundas na época, mesmo entre os católicos, e com isso, eles não tinham igreja para frequentar, e é aí que a história começa.
Era o verão de 1881, quando um pequeno grupo natural da cidade de Polla, no sul da Itália, se reuniu para homenagear Nossa Senhora do Monte Carmelo, sua padroeira.
Eles alugaram uma pequena sala no térreo de um cortiço na 111th Street, perto das margens do East River.
Dentro de seus confinados limites, eles rezavam o terço e outras devoções diante de uma imagem impressa de Nossa Senhora e depois dividiam uma refeição. Mal sabiam a que essa humilde devoção levaria.
Nos dois anos seguintes, a devoção cresceu, atraindo milhares de pessoas. No dia da festa, começou a ter uma procissão pelas ruas. E um padre italiano chamado pe. Domenico Vento uniu-se oficialmente à comunidade e começou a celebrar os sacramentos em sua capela improvisada.
Mas foi em maio de 1884 que o pe. Emiliano Kirner, um padre alemão da Ordem Palotina, chegou para servir à crescente comunidade italiana. Ele trouxe a notícia de que eles teriam uma igreja própria.
Quando decidiu construir a igreja, pe. Kirner convocou a ajuda dos homens e mulheres da comunidade italiana, que começaram a construí-la com as próprias mãos, muitas vezes à noite após um longo dia de trabalho.
Em 1885, foi inaugurada a primeira igreja italiana construída em Nova York.
A “Madonna de East Harlem”
A paróquia recebeu uma imagem de Nossa Senhora do Monte Carmel na forma de uma estátua, trazida por Antonio Petrucci de Salerno, Itália.
E em apenas alguns anos, devido à incrível devoção e favores concedidos à igreja, foi enviado ao Papa Leão XIII um pedido para elevar a igreja a um santuário sob a proteção da Mãe Santíssima.
O pedido foi aprovado e acompanhado pelo próximo papa, Pio X, que autorizou a coroação canônica da estátua de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
A coroa da imagem contém duas esmeraldas enviadas pelo próprio Papa Pio X como uma demonstração de apoio. E assim, a igreja erguida pelo suor dos paroquianos fundadores, foi elevada ao status de Santuário Pontifício de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Hoje, a paróquia celebra a missa em inglês, espanhol, latim e polonês, tanto nas formas ordinária quanto extraordinária, e continua sendo o pilar da fé para sua comunidade.
O Santuário abraçou os incontáveis imigrantes que se seguiram – hispânicos, afro-americanos e outras etnias, todos chamando a paróquia de seu lar.
O que começou com a fé de um pequeno grupo reunido em uma sala à luz de velas abriu o caminho para a fundação de uma paróquia que já registrou sete milagres documentados (quem sabe quantos mais…).
O Santuário de Nossa Senhora do Monte Carmelo, que testemunhou as provações do Harlem, mostra um retrato autêntico da luta entre as trevas e a luz.
Mais informações sobre o santuário em: The Pontifical Shrine of Our Lady of Mt. Carmel – Harlem.