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Padre italiano conta como é levar Jesus aos doentes de Covid-19 num hospital de Roma

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Reportagem local - publicado em 20/03/20
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Trabalhando pastoralmente no local há 6 meses, ele encara o desafio de levar Jesus aos doentes do coronavírus por meio do vidro de isolamentoO pe. Cesare Pluchinotta é um dos dois sacerdotes do Hospital Spallanzani, sede do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas de Roma. Trabalhando pastoralmente no local há só 6 meses, ele agora encara o desafio de levar Jesus Cristo aos doentes do coronavírus por meio do vidro de isolamento.

A CNA, agência católica do grupo ACI para a língua inglesa, conversou com o pe. Cesare, que relatou:

“Existe perigo não só para nós, mas para o resto do hospital e os funcionários. Temos que cuidar da nossa saúde não só por nós mesmos, mas por todas as pessoas com quem temos contato”.

Na data da conversa, que foi este 18 de março, havia 194 pacientes com coronavírus no Hospital Spallanzani, dos quais 19 estavam recebendo assistência respiratória.

O pe. Cesare contou que não é mais possível entrar nos quartos:

“O trabalho é principalmente tentar ajudar as pessoas a rezarem. Também estamos tentando achar outras formas concretas de estar perto dos doentes”.

Os dois capelães precisam aguardar o pedido de um paciente para poder visitá-lo. Quando recebem um pedido de confissão, de unção dos enfermos ou da Eucaristia, eles se vestem com equipamentos de proteção e máscaras. Para dar a Comunhão, só podem entrar na antessala das câmaras de isolamento, onde deixam a Eucaristia, saem e esperam do lado de fora; o paciente entra e, neste momento, os padres podem rezar e conversar com eles através do vidro de isolamento.

“No trabalho pastoral num hospital, uma semana pode ter tanto trabalho que não sobra tempo nem para dormir, porque muitas pessoas querem se confessar, conversar, desejam consolo; mas, na outra semana, você também pode descobrir que ninguém quer um capelão. As pessoas que entraram no hospital nesta semana saem na próxima. É um ministério num ambiente em que as pessoas mudam o tempo todo”.

O pe. Cesare conta que o ministério mais constante no hospital é o contato com os médicos e enfermeiros. Ele celebra a Missa na capela e mantém um grupo de oração para enfermeiras. Os planos de grupos de oração quaresmal e o curso de catecismo para funcionários do hospital, no entanto, foram drasticamente mudados.

“O grupo de oração das enfermeiras se comunica só pelo WhatsApp ou pela internet. Enviamos orações, mensagens de encorajamento. Estamos tentando dar esperança, força e coragem para elas nesses dias. O nosso ministério ativo foi substituído por muita oração. Acreditamos que Deus nos ajudará muito através da oração e nos aproximará desses casos do jeito que os protocolos de segurança permitirem. Vamos continuar oferecendo os sacramentos às pessoas que desejarem”.

O sacerdote já está como capelão de hospital há quatro anos e meio. Ele começou num hospital para pacientes com câncer e relata que, toda vez que levava os sacramentos aos que estavam sofrendo ou nas últimas etapas da vida, conseguia visivelmente notar a paz que eles sentiam.

Numa paróquia, comenta ele, os sacerdotes veem grandes conversões de vida com muito menos frequência, talvez uma vez por ano; mas, num hospital, podem testemunhá-las uma vez ou mais por semana.

“As pessoas têm diante de si o entendimento de que estão perto do final. Uma coisa bonita de trabalhar num hospital é ver essas conversões com os seus próprios olhos”.

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A partir de matéria da agência católica CNA


POPE FRANCIS
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