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Capelães de hospitais de Nova York se preparam para aumento de casos de coronavírus

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GODONG | BSIP | BSIP via AFP

John Burger - publicado em 27/03/20

Nova York é o epicentro da pandemia nos EUA; número de casos dobra a cada três dias

Quem liga para o celular do Pe. John Maria Devaney ouve a seguinte mensagem:

“Eu sei que estamos passando por um momento difícil, mas o bom Deus nos ajudará. … Reze o Rosário, reze o Rosário, reze o Rosário, reze o Rosário novamente, peça a seus amigos para rezarem o Rosário. Fique onde está, acalme-se e saiba que estou orando por você, faremos um bom trabalho pelo Senhor em sua misericórdia e salvaremos muitas almas. ”

Pe. Devaney é capelão de um dos hospitais da cidade de Nova York, onde as notícias da pandemia do COVID-19 parecem estar piorando a cada dia.

“As coisas estão mudando a cada hora”, disse ele em uma entrevista.

O governador de Nova York, Andrew M. Cuomo, afirmou que a taxa de novas infecções em Nova York está dobrando a cada três dias. O New York-Presbyterian Hospital, na mesma rua onde o Pe. Devaney e seus colegas dominicanos vivem, tinha mais de 500 pacientes com coronavírus na manhã de domingo (22 de março), informou o Times.

Em todo o país, os capelães hospitalares também estão se preparando para um número crescente de casos de infecção, hospitalizações, confissões no leito de morte e a necessidade de consolar famílias em luto.

Jesuíta, o Pe. Richard Nichols, que serve em um hospital da região de Washington, D.C., notou mais funcionários rezando nas capelas e parando-o nos corredores para pedir orações. E como o hospital institui políticas de visitantes muito mais rigorosas, muitos dos pacientes passam o dia sozinhos e muitos estão pedindo para vê-lo.

Pe. Randy Suárez Valenton, da diocese de San Jose, Califórnia, que é capelão no Hospital O’Connor e no Centro Médico Santa Clara Valley, disse que, embora sua instituição ainda não tenha muitos pacientes com COVID-19, a tensão e o medo estão aumentando.

“O hospital não permite que o padre entre na sala do paciente com COVID-19. Se eu receber um pedido de atendimento, só posso ficar fora da sala do paciente e fazer a oração de lá.”

Ele disse, no entanto, que está preparado para ministrar os sacramentos, mesmo que isso signifique se aproximar dos pacientes. “A única coisa que posso fazer é observar as precauções e orar, o que devo fazer como prestador de cuidados espirituais. Se existe um medo? É claro que existe, mas minha fé é mais convincente do que isso. Se os médicos podem lidar com o tratamento do paciente, como prestador de cuidados espirituais, eu também posso. ”

Em Nova York, Pe. Devaney e seus colegas capelães estão esperando um aumento nos casos. “Um terço dos nova-iorquinos é católico, então o padre estará muito ocupado quando chegar a hora”, disse.

Pe. Devaney é um dos quatro frades dominicanos que vivem na Igreja de Santa Catarina de Siena e Priorado no Upper East Side de Manhattan, um bairro com alta concentração de hospitais. Três dos frades trabalham em capelania hospitalar. Pe. Devaney disse que eles mesmos tiveram que ficar isolados um do outro, apesar de normalmente celebrarem a Missa, orarem e comerem juntos.

Ele afirmou que visitou recentemente alguns pacientes com COVID-19 em uma unidade de terapia intensiva e teve que dar absolvição sacramental “por trás do vidro” por causa do perigo de que ele próprio pudesse ser infectado. “Eu não podia entrar e colocar minhas mãos sobre eles e ungir com óleo”, disse ele, mas “um padre ainda é capaz de absolver pecados e dar o perdão apostólico… ainda sou sacramentalmente capaz de prepará-los para o céu e mostrar a eles a misericórdia de Deus. ”

Devido à vulnerabilidade dos doentes, os capelães estão sendo mais criativos no cuidado das almas, disse ele. Eles estão “fazendo tele-visitas, ligando para as pessoas, usando o FaceTime, esse tipo de coisa. Ou vamos apenas para emergências, como leitos da morte.”

“Chegará o dia em que haverá roupas de proteção e todas essas outras coisas, e eu provavelmente usarei isso”, previu. Se um paciente ou membro da família solicitar a consulta de um padre, “nós atenderemos caso a caso”, disse ele. “Se um membro da família não puder vir visitar o membro da família que está morrendo ou tiver apenas alguns minutos para se despedir, como está acontecendo na Itália, imagino que serei uma ponte entre um paciente que está morrendo e a família que não pode vê-los porque há quarentena ou restrições. ”

Ele acrescentou que os capelães também estão tentando apoiar a equipe do hospital, que já está sentindo as tensões de um aumento da carga de trabalho.

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