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Você tem medo do teu futuro depois do Covid-19? Ouça este monge

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Luca Lorenzelli | Shutterstock

Edifa - publicado em 03/04/20

A incerteza e a imprevisibilidade surgiram para perturbar a vida de milhões de pessoas. Uma preocupação permanente sobre o futuro agora ocupa a mente de todos. Como avançar e continuar vivendo além desses medos?

O medo é um termo genérico muito amplo para designar várias noções. É uma reação natural e psicológica, às vezes muito útil. Primeiro, é um reflexo da sobrevivência que vem do nosso lado animal. Ele salva nossas vidas quando nos faz correr para fugir de um perigo. É também um estimulante que nos mantém alertas. Também pode nos paralisar ou nos fazer realizar atos tolos.

Num nível mais profundo, o medo causa preocupação, principalmente em relação ao futuro e a tudo que não controlamos. No entanto, é possível superá-lo. São as explicações do Frei Alain Quilici, que é o prior do convento dominicano em Toulouse, França.

Como você luta contra o medo do futuro?

Temos medo do desconhecido e, portanto, do futuro. A rejeição da doença e da morte, instintivamente inscrita em nós, continua sendo um medo essencial. Somos encorajados a administrar essas ansiedades através de seguros (de aposentadoria, de incêndio, de roubo, de doença), para multiplicar as garantias contra todos os nossos medos sob o pretexto do realismo. No entanto, a insegurança continua sendo a mesma: todas essas precauções nunca podem nos proteger 100% do perigo.

O único antídoto é o de viver no presente, focado no que temos que fazer hoje. São Luis de Gonzaga dizia: “Se eles anunciassem minha morte iminente, eu continuaria brincando se fosse a hora de brincar”. É isso que Cristo nos convida para praticar no Evangelho: “Não se preocupem com a sua vida (…). Olhem para os pássaros no céu: eles não semeiam nem colhem, nem se acumulam em celeiros, e no entanto, o Pai que está no céu os alimenta. ”

Quando Cristo nos diz “Não se preocupem”, do que Ele quer nos libertar?

De todos os nossos medos humanos. Cristo nos conhece intimamente. E no Evangelho, os apelos à paz do coração são frequentes. Os apóstolos no barco, durante a tempestade, tinham boas razões para tremer. Todos esses medos são legítimos. Jesus não censura nada, pelo contrário, ele quer nos apaziguar. A mesma coisa que uma mãe que diz ao seu filho: “Não tenha medo, eu estou aqui”.

A ação de Deus, como Cristo nos revela, é uma ação tranquilizadora. O Senhor Jesus, que convida o homem a não ter medo, revela-se como mestre dos acontecimentos que nos ameaçam. Ele é mais poderoso do que eles. Cuida de nós. Este não é um convite humano para dominar por mera vontade, mas um incentivo para confiar nele. Esta é a luta do crente.

O remédio para o medo é se colocar nas mãos do Senhor Jesus. São João Paulo II assumiu esse mandato em outro contexto, o dos medos de nossas sociedades: “Não tenha medo dos outros, não tenha medo de ser você mesmo. Seja livre! “

Esse pedido de Cristo é realista? Podemos ficar calmos?

Cristo não suprime o medo visceral nem a morte, mas transforma os dois. Ele venceu a morte, que se tornou a porta de entrada para a vida eterna. O mártir tem medo, com certeza, mas ele confia em Deus. Santo Tomás Moro, em suas cartas desde a prisão para a sua filha, fala muito sobre sua angústia ao morrer, mas, quando chega ao cadafalso, encontra forças para dizer com humor ao seu carrasco: “Agradeço agora por fazer seu trabalho, porque depois será mais difícil para mim ”.

O santo não evita o medo?

O próprio Jesus, em sua agonia, estava com medo. Os santos e os mártires têm confiança nos ensinos do Senhor: “Não temam os que matam o corpo …” (Mt 10,28). O Evangelho é um grande livro de conforto. Vemo-lo nas parábolas. Embora Deus seja um professor exigente, ele também é um consolador.

O que podemos legitimamente temer?

Traindo a Deus, pecando, não sendo fiéis aos seus ensinos, devemos ter medo disso. Lembremo-nos de São Luís e das recomendações que ele fez ao seu filho no leito de morte: “Cuidado com todos os pecados mortais”, aqueles os quais cometemos sabendo que definitivamente nos distancia de Deus se nunca pedirmos perdão. “Temam antes àquele que pode lançar a alma e o corpo à Gehenna [ao inferno]”, diz Mateu.

O medo do Tentador é um medo salvador que nos mantém alerta. Devemos estar vigilantes diante das tentações, entre as quais o orgulho é a maior de todas. Vamos distinguir bem a prova da tentação: o Diabo quer nos arrastar para o mal e nos fazer cair, enquanto Deus nos permite enfrentar provações para nos fazer crescer. Como nos exames os quais o aluno faz para passar para o curso seguinte.

Armas espirituais devem ser usadas para lutar contra um adversário espiritual: faça o sinal da cruz num momento em que a luta se torne dura demais, comprometa-se com a oração da Virgem Maria, reze o terço, faça um caminho da cruz, priva-se de um prazer inútil: é estar no terreno certo do combate que devemos enfrentar.

Florence Brière-Loth

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