Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quarta-feira 27 Setembro |
Beato Boaventura (Júlio) de Puzol
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Papa no Domingo de Ramos: Deus salvou-nos, servindo-nos

Reportagem local - publicado em 04/04/20

Celebração da entrada do Senhor em Jerusalém e Santa Missa (Basílica de São Pedro, domingo, 5 de abril às 6h Brasília, 10h Portugal)

Na homilia da Missa de Domingo de Ramos, o convite do Papa foi para se deixar guiar pela Palavra de Deus na Semana Santa, que, quase como um refrão, mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13); e já amanhã, Isaías profetiza: «Eis o meu servo que Eu amparo» (42, 1).

View this post on Instagram

A post shared by Aleteia Português (@aleteiapt)

“Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus.”

O Senhor, explicou o Papa, nos serviu dando a sua vida por nós, a ponto de experimentar as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.

Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou, foi traído pela multidão, pela instituição religiosa e pela instituição política.

Quando sofremos traições, a vida parece deixar de ter sentido. Isso porque nascemos para ser amados e para amar.

“Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para conosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes.”

O que Ele faz para nos servir é tomar sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições. Assim, nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado e seguir em frente.

Íntegra da homilia do Papa Francisco no Domingo de Ramos

Homilia do Santo Padre

Eucaristia do Domingo de Ramos

(Basílica de São Pedro, 5 de abril de 2020)

Jesus «esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo» (Flp 2, 7). Deixemo-nos introduzir por estas palavras do apóstolo Paulo nos dias da Semana Santa em que a Palavra de Deus, quase como um refrão, nos mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13); e, já amanhã, ouvimos Isaías profetizar acerca d’Ele: «Eis o meu servo que Eu amparo» (42, 1). Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus.

E como nos serviu o Senhor? Dando a sua vida por nós. Somos queridos a seus olhos, mas custamos-Lhe caro. Santa Ângela de Foligno testemunhou que ouviu de Jesus estas palavras: «Amar-te não foi uma brincadeira». O seu amor levou-O a sacrificar-Se por nós, a tomar sobre Si todo o nosso mal. É algo que nos deixa sem palavras: Deus salvou-nos, deixando que o nosso mal se encarniçasse sobre Ele: sem reagir, somente com a humildade, paciência e obediência do servo, exclusivamente com a força do amor. E o Pai sustentou o serviço de Jesus: não desbaratou o mal que se abatia sobre Ele, mas sustentou o seu sofrimento, para que o nosso mal fosse vencido apenas com o bem, para que fosse completamente atravessado pelo amor. Em toda a sua profundidade.

O Senhor serviu-nos até ao ponto de experimentar as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.

A traição. Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e do discípulo que O renegou. Foi traído pela multidão que primeiro clamava hossana, e depois «seja crucificado!» (Mt 27, 22). Foi traído pela instituição religiosa que O condenou injustamente, e pela instituição política que lavou as mãos. Pensemos nas traições, pequenas ou grandes, que sofremos na vida. É terrível quando se descobre que a confiança deposta foi burlada. No fundo do coração, nasce uma tal deceção que a vida parece deixar de ter sentido. É assim, porque nascemos para ser amados e para amar, e o mais doloroso é ser traído por quem nos prometera ser leal e solidário. Não podemos sequer imaginar como terá sido doloroso para Deus, que é amor.

Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para connosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes, quantas vezes caímos, quanto nos custa levantar e como é difícil sanar certas feridas. E que fez Ele para nos ajudar, para nos servir? Aquilo que dissera através do profeta: «Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração» (Os 14, 5). Curou-nos, tomando sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições. Assim nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado, receber o seu abraço e dizer: «Olha! A minha infidelidade está ali. Fostes Vós, Jesus, que pegastes nela. Abris-me os braços, servis-me com o vosso amor, continuais a amparar-me… Assim poderei seguir em frente!»

O abandono. Segundo o Evangelho de hoje, na cruz, Jesus diz uma frase, uma apenas: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Mt 27, 46). É uma frase impressionante. Jesus sofrera o abandono dos seus, que fugiram. Restava-Lhe, porém, o Pai. Agora, no abismo da solidão, pela primeira vez designa-O pelo nome genérico de «Deus». E clama, «com voz forte», o «porquê» mais dilacerante: «Porque Me abandonaste também Tu?» Na realidade, trata-se das palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que nos dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação. Mas, a verdade é que Ele a experimentou: experimentou o maior abandono, que os Evangelhos atestam reproduzindo as suas palavras originais: Eli, Eli, lemá sabactháni?

Porquê tudo isto? Uma vez mais… por nós, para servir-nos. Porque quando nos sentimos encurralados, quando nos encontramos num beco sem saída, sem luz nem via de saída, quando parece que nem Deus responde, lembremo-nos que não estamos sozinhos. Jesus experimentou o abandono total, a situação mais estranha para Ele, a fim de ser em tudo solidário connosco. Fê-lo por mim, por ti, para te dizer: «Não temas! Não estás sozinho. Experimentei toda a tua desolação para estar sempre ao teu lado». Eis o ponto até onde nos serviu Jesus, descendo ao abismo dos nossos sofrimentos mais atrozes, até à traição e ao abandono. Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expetativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: «Coragem! Abre o coração ao meu amor. Sentirás a consolação de Deus, que te sustenta».

Queridos irmãos e irmãs, que podemos fazer vendo Deus que nos serviu até experimentar a traição e o abandono? Podemos não trair aquilo para que fomos criados, nem abandonar o que conta. Estamos no mundo, para amar a Ele e aos outros: o resto passa, isto permanece. O drama que estamos a atravessar impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor. Então, nestes dias da Semana Santa, em casa, permaneçamos diante do Crucificado, medida do amor de Deus por nós. Diante de Deus, que nos serve até dar a vida, peçamos a graça de viver para servir. Procuremos contactar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer.

Eis o meu servo que Eu sustento. O Pai, que sustentou Jesus na Paixão, anima-nos, também a nós, no serviço. É certo que amar, rezar, perdoar, cuidar dos outros, tanto em família como na sociedade, pode custar; pode parecer uma via-sacra. Mas a senda do serviço é o caminho vencedor, que nos salvou e salva a vida. Gostaria de o dizer especialmente aos jovens, neste Dia que, há 35 anos, lhes é dedicado. Queridos amigos, olhai para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Senti-vos chamados a arriscar a vida. Não tenhais medo de a gastar por Deus e pelos outros! Lucrareis… Porque a vida é um dom que se recebe doando-se. E porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas… Como fez Jesus por nós.

Calendário de celebrações da Semana Santa (lives pela internet)

Este é o calendário das celebrações a serem presididas pelo Santo Padre na Semana Santa, que devido à pandemia do coronavírus, serão realizadas sem a presença de fiéis.

As transmissões serão ao vivo aqui pela internet, nos seguintes dias e horários: (o horário indicado refere-se ao horário de Roma:  – 2 Angola; – 5 Brasil; – 3 Cabo Verde; – 2 Guiné Bissau; +6 Macau; Moçambique mesmo horário da Itália; – 1 Portugal; – 2 São Tomé e Príncipe; +7 Timor Leste)

5 de abril de 2020 – Domingo de Ramos e a Paixão do Senhor

11h Roma (6h Brasília, 10h Portugal): Celebração da entrada do Senhor em Jerusalém e Santa Missa

9 de abril de 2020 –  Quinta-feira Santa

18h Roma (13h Brasília, 17h Portugal): Santa Missa na Ceia do Senhor

10 de abril de 2020 – Sexta-feira Santa

18h Roma (13h Brasília, 17h Portugal): Celebração da Paixão do Senhor

21h Roma (16h Brasília, 20h Portugal): Via Sacra (no sagrado da Basílica de São Pedro)

11 de abril de 2020 – Sábado Santo

21h Roma (16h Brasília, 20h Portugal):Vigília Pascal na noite santa

12 de abril de 2020 –  Domingo de Páscoa – Ressurreição do Senhor

11h Roma (6h Brasília, 10h Portugal): Santa Missa do dia

No final da Santa Missa, o Santo Padre concederá a bênção “Urbi et Orbi”.

Tags:
CovidPapa FranciscoSemana Santa
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia