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Quem disse que a ciência não se aproxima de Deus?

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Octavio Messias - publicado em 13/04/20

Método científico é dotado de virtudes divinas

Isaías, capítulo 45, versículo 15: “De fato, ó Deus de Israel, ó Salvador, o Senhor cumpre os seus planos de maneiras misteriosas”. Ou seja, Deus pode agir das mais diferentes formas, a mão Dele pode estar onde menos se espera. Deus pode derrubar uma árvore na sua rua para que você fique em casa e não se envolva em um acidente, assim como Ele pode fazer com que um irmão atravesse o seu caminho e salve a sua vida sem você saber. Deus tudo pode.

E pelo que podemos observar pela evolução da humanidade através da história, devemos muitas de nossas conquistas e da nossa sobrevivência à ciência. Quem disse que ela não pode ser uma das muitas maneiras que Deus encontrou de entrar no nosso caminho e promover o nosso bem? 

Por exemplo, em 1847, quando ainda se pensava que as doenças eram transmitidas apenas pelo contato da pele, muito antes da descoberta de vírus e bactérias, o médico húngaro Ignaz Semmelweis (1818-1865) teve uma observação revolucionária. Uma visão divina, pode-se dizer.

Ele trabalhava na maternidade do Hospital Geral de Viena, onde à época vinha tendo uma incidência muito alta de mortes por febre puerperal entre as mães prestes a dar à luz. Os partos, todos ainda ao método natural, eram conduzidos por estudantes de medicina ou pelas parteiras. 

Semmelweis notou que os óbitos eram quatro vezes maiores entre as mulheres atendidas pelos estudantes. Percebeu, ainda, que antes de fazer partos os alunos passavam pelo necrotério, onde se aproximavam de cadáveres. O médico veterano então instituiu como regra que todos deveriam lavar as mãos antes de irem para a maternidade. Em apenas um mês, o número de mortes caiu para 1%.

Uma coisa tão simples, lavar as mãos, precisou ser descoberta por um cientista para então passar a salvar vidas. À época ele foi ridicularizado, a própria classe científica duvidava, mas com o tempo, e com o avanço da ciência, pode-se comprovar que ele tinha razão desde o princípio. E ajudou a salvar um número incontável de vidas.    

O cientista pode muito bem ser um instrumento para Deus cumprir seus propósitos, agindo como um anjo em toda a sua graça. 

Ao meu ver, a prática científica incorpora as três virtudes divinas:

Fé – um dos princípios básicos da evolução da ciência. Mesmo com todas as variáveis a favor de uma hipótese, o cientista precisa acreditar que aquela somatória de fatores dará certo. Como bem ilustra o exemplo do astuto Dr. Semmelweis, um cientista precisa ter fé em sua visão. 

Esperança – além de foco e disciplina, um cientista precisa ter a esperança de que a sua hipótese vá funcionar, que o seu experimento trará benefícios à sociedade, que a sua criação ou suas habilidades podem contribuir com que uma vida seja salva. O que me parece a definição de esperança. 

Caridade – vamos pensar no exemplo de médicos. O que pode ser mais caridoso do que doar anos da sua vida ao estudo pesado, depois anos de residência, com plantões de até três dias seguidos, e agora estarem lá, na linha de frente, combatendo a doença e arriscando a própria vida? Bons médicos trabalham com a empatia, com querer bem ao próximo, o que é o princípio da caridade. 

Além de tudo isso, cientistas são metódicos, analisam dados complexos e estão sempre em busca da precisão, pois sabem que um pequeno deslize pode custar vidas. Cientistas comprometidos estão sempre em busca de conhecimento, que é o que Deus espera de todos nós. Colocam muita energia e, portanto, muito amor naquilo que fazem. Talvez até por isso tenham o poder de salvar um irmão. 

Lembre-se: Deus está tanto nos detalhes quanto nas virtudes. E, como bem diria o bom Dr. Semmelweis, não se esqueça de lavar as mãos.   

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