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Jornalista estudou casos de “experiência de quase-morte”: é possível voltar à vida?

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Reportagem local - publicado em 14/04/20
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Livro do italiano Antonio Socci aborda o mistério das “ressurreições” a partir da experiência que ele próprio viveu com sua filhaAo menos em termos científicos, a experiência vivida por Caterina Socci, filha do jornalista italiano Antonio Socci, não tem até hoje uma explicação clara. Faltando alguns dias para a sua formatura, o coração da jovem parou de funcionar de modo inesperado. Ela foi declarada morta. O sacerdote que era seu diretor espiritual se ajoelhou aos pés da cama e, depois que ele rezou, o coração da menina voltou a bater.

O pai dedicou vários textos a contar esse acontecimento. Em um de seus livros, Tornati dall’Aldilà [Retornados do Além], de 2014, Antonio Socci aborda o fenômeno conhecido como EQM, ou seja, Experiência de Quase-Morte, também chamado internacionalmente de NDE pela sigla em inglês para Near-Death Experience. O termo diz respeito à chamativa quantidade de relatos semelhantes a este que foram surgindo ao longo dos anos.

Um dos primeiros estudiosos a se ocuparem do assunto a fundo foi o filósofo norte-americano Raymond Moody, que estudou testemunhos da década de 1970. Desde então, tem havido uma avalanche de relatos de pessoas que afirmam ter visto “a luz”. Em 2001, foram publicados estudos sobre o trabalho de uma equipe de cardiologistas holandeses que avaliaram 344 pacientes considerados clinicamente mortos: 62 deles “voltaram à vida” e relataram experiências de quase-morte.

É significativo que todos os que descrevem essa experiência citam praticamente as mesmas coisas. A primeira delas é a consciência de estarem mortos. Depois, eles se encontram numa posição de elevação a partir da qual enxergam o próprio corpo, inerte, abaixo de si mesmos. Alguns afirmam ter percorrido um longo túnel escuro, em cujo final veem uma luz maravilhosa. A sensação descrita é de paz profunda e total bem-estar. Em muitos relatos, menciona-se o reencontro com pessoas queridas que já haviam falecido, bem como com seres luminosos. Vários depoimentos citam ainda a contemplação de um “filme” da própria vida. Finalmente, daqueles que relatam tais experiências, muitos são aqueles que, “voltando a este mundo”, mudaram o próprio estilo de vida, adotando uma perspectiva mais próxima da visão cristã da existência neste mundo e no próximo.

Existe também, no entanto, uma minoria que diz ter encontrado presenças obscuras e aterrorizantes e sentido angústia e perturbação por causa delas.

Socci escreveu que “é surpreendente constatar as dimensões do fenômeno. Cerca de um terço daqueles que viveram um coma, uma morte cerebral e uma reanimação relatam ter vivido uma experiência de quase-morte”.

Entre as testemunhas famosas estão, por exemplo, as atrizes Elizabeth Taylor, Jane Seymour e Sharon Stone, além do ator Peter Sellers.

A experiência de quase-morte não é um fenômeno recente. Socci escreve:

“Há ampla menção [à EQM] num importante diálogo platônico, a República (380 a. C), no qual o filósofo conta a história do soldado Er, que despertou da morte após doze dias e relatou ter visitado uma vida posterior a ela, em que acontecerá o julgamento de cada alma, relacionado com a ação do bem e do mal”.

Ele recorda que o norte-americano pe. Albert J. Hebert, em 1986, analisou centenas de relatos milagrosos de ressurreição ao longo da história do cristianismo, começando com os realizados por São Pedro e São Paulo nos Atos dos Apóstolos, passando por testemunhos de Santo Irineu e episódios envolvendo São Patrício, até chegar a Dom Bosco, ao Padre Pio e ao venerável bispo norte-americano dom Fulton Sheen, a cuja intercessão foi atribuída uma suposta ressurreição em 2010.

Em nem todos os casos de retorno milagroso à vida foi necessária a presença de grandes santos taumaturgos: em vários relatos bastaram as orações sinceras dos fiéis. Foi o caso da própria filha de Socci, embora ele próprio reafirme que não se trata de orações automáticas: é sempre Deus quem permite uma segunda chance, e ela não é um privilégio, mas uma responsabilidade.


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