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Rocinha recebe testes gratuitos de detecção para a COVID-19

FAVELA

Shutterstock | Aleksei Denisov

Agências de Notícias - publicado em 21/04/20

O balanço oficial mais recente registrou 36 casos confirmados e três mortos nesta comunidade com mais de 100.000 habitantes

Na Rocinha, a maior favela do Brasil, uma ONG oferece à população testes gratuitos para detectar o novo coronavírus em uma tentativa de ampliar a medição da propagação da doença nesta comunidade pobre e densamente povoada do Rio de Janeiro.

“O governo só vai testar quem está realmente muito mal. Se você testa só quem está muito mal, você não consegue monitorar o vírus, não consegue criar estratégias realmente efetivas” para conter o avanço da COVID-19, explica Pedro Berto, criador do projeto “Favela sem corona”.

Ex-morador da Rocinha, este estudante de administração de 29 anos captou recursos pela internet para comprar centenas de testes sorológicos e rápidos, colocando-os à disposição da comunidade.

Para ser testado, o morador só precisa ir até uma clínica particular da favela e fazer um exame de sangue. O resultado sai em 24 horas.

Em caso de resultado positivo para a COVID-19, se o paciente tiver sintomas leves, faz quarentena domiciliar. Mas se apresentar sintomas mais acentuados, é orientado a ir para um centro de saúde.

“Tem bastante risco de expansão na comunidade porque dos testes que a gente tem feito aqui, de 40 a 50 por cento estão dando positivo”, explica Tiago Vieira Koch, diretor da clínica.

Com ruas estreitas, residências precárias, próximas umas das outras e geralmente com não mais de dois cômodos, para as famílias que vivem na Rocinha, a quarentena e o distanciamento social são desafios.

O balanço oficial mais recente registrou 36 casos confirmados e três mortos nesta comunidade com mais de 100.000 habitantes.

A quarentena traz um problema adicional para muitos moradores da comunidade, que dependem da economia informal para se sustentar. Ficando em casa e sem clientes nas ruas, muitas pessoas viram sua renda minguar dramaticamente.

– Números oficiais –

Alvir Nelson Rosa Junior, de 39 anos, decidiu fazer o exame gratuito na Rocinha após apresentar alguns sintomas.

“Senti o corpo suado, (mas) não tive febre. Tive um pouco de falta de ar, muito cansaço e também sou hipertenso, então queria cuidar da minha saúde”, contou ele, cobrindo o rosto com máscara de tecido azul com estampa de caveiras.

Ao contrário, Janice Infante de Oliveira não tinha sintomas, mas quis descartar o contágio depois que seu marido testou positivo.

“Eu fiz o swab, o swab foi inconclusivo e eu resolvei fazer esse teste. Eu sou profissional de saúde e não posso voltar a trabalhar sem ter certeza de que estou bem”, explicou.

Além da Rocinha, o projeto “Favela sem corona” prevê o envio de testes para outras comunidades carentes do Rio de Janeiro.

O Brasil é um dos países que menos fazem exames de diagnóstico para a COVID-19, com apenas 296 pessoas testadas por milhão de habitantes, número insignificante em comparação com os da Alemanha (20.629) ou da França (5.114), por exemplo.

Por este motivo, há uma subnotificação dos casos confirmados, afirmam especialistas, segundo os quais o número real de contágios pode ser 15 vezes maior que o oficial.

(AFP)

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