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Bispo italiano: “Impedir o culto é uma ditadura!”

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Dom Giovanni D’Ercole / Captura de Tela YouTube

Reportagem local - publicado em 29/04/20

Dom Giovanni D’Ercole responde ao primeiro-ministro da Itália, que declarou que “as igrejas são lugares de contágio"

A Itália está entrando na assim chamada “fase 2” após a quarentena generalizada que o governo impôs aos cidadãos na tentativa de frear a propagação do coronavírus. Nesta fase, foi liberada a retomada de setores da indústria, do comércio e dos serviços, canteiros de obras, esportes de equipe, museus, bibliotecas… Mas as igrejas continuam sob a ordem de ficar fechadas e as atividades religiosas continuam vetadas.

Mais ainda: o primeiro-ministro Giuseppe Conte afirmou que “as igrejas são lugares propícios para o contágio”.

Não há embasamento científico para essa afirmação. Além do mais, ela entra em contradição com a liberação de uma série considerável de atividades de trabalho, consumo e lazer nas quais não somente acontece reunião de pessoas como há até menos possibilidade de controlar a proximidade física entre os indivíduos.

A Conferência Episcopal Italiana reagiu à afirmação avulsa do primeiro-ministro recordando o direito constitucional à liberdade de culto e a importância da Igreja nestas circunstâncias emergenciais, não só na dimensão espiritual, mas também na social.

Chamou particular atenção na Itália a veemência das palavras de dom Giovanni D’Ercole, bispo de Ascoli Piceno, que reproduzimos a seguir:

Foi um banho de água fria! Depois de tantas promessas, parecia que havíamos chegado a um acordo, mas as palavras de Giuseppe Conte bloquearam um diálogo que era sincero, mas…(…) É necessário olhar com objetividade. A igreja não é lugar de contágio! Não se pode passar essa ideia! Como dado científico, quem foi que disse que a igreja é lugar de contágio? A nossa experiência nos diz que a igreja não é lugar de contágio, pelo menos a minha experiência de bispo. Nós somos pessoas sérias. Nós nos preocupamos com a saúde das pessoas. É um direito das pessoas ir à igreja. Por isso, é arbitrário, é uma ditadura impedir o culto, porque ele é um dos direitos fundamentais. Nisto não dá para fazer concessões.Funerais, vocês nos obrigaram a fazê-los como de cachorros jogados fora. As pessoas sofreram: quinze pessoas para um funeral.Deixem-nos em paz! Nós sabemos administrar isso. Está no nosso coração o amor pelas pessoas. Não se preocupem, nós não somos levianos. E os nossos padres demonstraram que são sérios (…) Tem que ser reconhecido o nosso direito ao culto, e, se não for, nós o faremos valer. E o faremos valer porque é nosso direito. Se eu consigo manter a calma entre as pessoas, é só porque amo este povo, mas as pessoas estão cansadas!Lembrem também que ajudar as pessoas com a oração é deixá-las mais calmas. Vocês sabem quantas pessoas recorrem a nós com distúrbios psicológicos neste momento. Não conseguem mais viver em “lockdown”. Nós precisamos recuperar espaços de liberdade, e a Igreja, além de ser espaço de liberdade e também espaço de esperança, é o laboratório em que procuramos construir um futuro melhor para todos, inclusive para quem nos odeia e para quem não acredita na Igreja.Não precisamos de favores de vocês (do governo). Só temos um direito a reivindicar e este direito tem que ser reconhecido não porque nós o estejamos reivindicando, mas porque ele é nosso. Mas esse papelão que vocês fizeram diante do mundo inteiro precisa ser consertado, com um gesto de simples restituição de dignidade e de direito. Obrigado.



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