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Precisamos viver no presente

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Octavio Messias - publicado em 03/05/20

A vida continua acontecer durante a pandemia

Desde que foi decretado o necessário distanciamento social, há quase seis semanas, tenho sido sedentário. Enquanto antes fazia funcional três vezes por semana e yoga, duas, o máximo de esforço que passei a fazer tem sido a faxina semanal aqui em casa. 

Aos sábados, o treinão de funcional que já costumava acontecer às 10h30 na academia continuou a ser oferecido por meio de uma live no Instagram. Neste sábado, pela primeira vez, resolvi fazer o treino. A preguiça inicial logo deu espaço à disposição proporcionada pela endorfina e, quando o treino acabou, era como se o suor tivesse lavado minha alma. Também fiquei contente em ver meus amigos “no treino”, pelos comentários que trocamos ao longo da live.

Tal bem-estar acompanhou o meu dia enquanto executava tarefas banais como arrumar a cozinha e lavar o quintal. Pela primeira vez em sete semanas, deixei de me preocupar com o futuro, ainda incerto para todos nós, tampouco perdi muito tempo pensando no passado, o que contribuía com a minha ansiedade, pois remetia sempre a contextos e situações que no momento não posso remontar. Pela primeira vez em sete semanas, pude focar no presente.

Tive presença para apreciar a cor do céu momentos antes de o Sol se pôr, sentir o cheiro das flores e escutar o barulho dos galhos das árvores chacoalhando. Para respirar fundo prestando atenção no ato de respirar e imediatamente sentir seu efeito benéfico no meu organismo. 

Por alguns instantes, eu me senti plenamente feliz. Feliz com pouco que na verdade é tudo, essencial para se estar vivo. Essencial para se ter prazer em viver.  

Certa vez, em um encontro fortuito com um amigo escritor, estava comentando com ele a angústia que costumo sentir ao escrever, e ele dirigiu a mim palavras muito sábias. Ele falou: “Foca no que você consegue controlar”. O conselho me caiu feito uma luva, não só para o ato de escrever, mas como uma forma de encarar a vida. 

Em vez de estar no presente, o único tempo em que a vida acontece, estava voltado ao passado, no qual jamais conseguirei voltar, ainda que as mesmas circunstâncias se repitam, ou me preocupando com faturas que ainda não venceram em um futuro que ainda há de chegar. Enquanto isso estava deixando a vida, tudo que de fato tenho, passar. Por isso decidi focar no que eu consigo controlar. Que é o agora.

Percebo que isso tem sido comum à maioria das pessoas durante a quarentena, encarar este período como um intervalo, um tempo fora do tempo, e já se programar para o que virá, o que me parece um grande desperdício de tempo e de energia, uma vez que ainda não sabemos para que tipo de mundo voltaremos. Um melhor e mais justo, trabalhemos para, quando for o momento, pois agora não devemos nem sair de casa. E é muito tempo para se desperdiçar, portanto façamos o melhor uso possível dele. 

O que já foi, passou, e agora, olhando em retrospecto, sinto orgulho de muitas das minhas realizações, algo que ainda não tinha me permitido enxergar. O presente é aquilo que está nas minhas mãos, o único lugar em que posso, de fato, ser. E o futuro ainda há de nos dizer o que virá.  

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