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Arcebispo de Paris: “Ir à missa não é uma distração. É algo vital”

MGR-MICHEL-AUPETIT

AFP

Reportagem local - publicado em 05/05/20

Governo não respeitou diálogo com a Igreja, considera ele: "Fomos tratados como se fôssemos crianças, incapazes de organizar algo"

O arcebispo de Paris, dom Michel Aupetit, se disse “francamente muitíssimo decepcionado” com a decisão comunicada no final de abril pelo primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, de não permitir que a Igreja retomasse no começo deste mês as celebrações litúrgicas presenciais, mesmo tomando todas as medidas adequadas de higiene e distanciamento físico entre os fiéis.

Em entrevista de 29 de abril à Radio Notre-Dame, dom Michel contou que o diálogo promovido pela Igreja com o governo francês “não foi respeitado: fomos tratados como se fôssemos crianças, incapazes de organizar algo”.

Para apontar a incoerência do governo, ele recordou, por exemplo, que 27 paróquias de Paris estiveram desde o começo da quarentena entregando refeições a pessoas carentes, em pleno respeito às normas sanitárias. No tocante ao gradual retorno às igrejas, dom Michel relatou que os bispos franceses propuseram que os fiéis ocupassem apenas um terço do espaço dos templos. Ainda assim, as autoridades mantiveram o veto aos cultos públicos.

O arcebispo comentou sobre a postura governamental de minimizar a relevância da prática religiosa por reputá-la secundária:

“Aos nossos governantes, independentemente da sua posição, parece que falta algo essencial: a antropologia. Podem até ser bons administradores, mas a sua antropologia é nula. Sobre o que é o homem e, basicamente, o que é a humanidade, eles não sabem nada. Esse é o grande vazio. O homem não vive somente de pão. É um vazio abissal”.

Dom Michel questiona:

“Por que não confiar em nós? Por que os mercados, os pequenos museus, as salas de vídeo podem receber pessoas e as igrejas não têm esse direito?”

E reafirma:

“Ir à missa não é ir ao cinema, não é uma distração. É algo vital. A Eucaristia é o alimento divino que sustenta as pessoas no meio da quarentena. É um remédio espiritual”.

Declarações semelhantes foram feitas enfaticamente na semana passada pelo bispo italiano dom Giovanni D’Ercole, que reagiu às decisões de mesmo teor tomadas pelo governo da Itália:




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