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Ayrton Senna volta a animar manhãs de domingo

AYRTON SENNA

JEAN-LOUP GAUTREAU / AFP

Octavio Messias - publicado em 08/05/20

Rede Globo exibe reprise do eletrizante GP do Brasil de 1991

No último domingo de manhã, em São Paulo, liguei a TV enquanto preparava o café e tive uma agradável surpresa. A rede Globo iniciava a transmissão de uma reprise do Grande Prêmio do Japão de 1988, no qual Ayrton Senna (1960-1994) garantiu seu primeiro título na Fórmula 1, já pela equipe McLaren. A experiência desencadeou uma série de lembranças.

Uma das memórias mais felizes que carrego da infância é a de assistir às corridas de Senna nos domingos de manhã com o mau pai. Juntos vimos e nos comovemos com a corrida final do grande herói do automobilismo, o GP de San Marino em 1994; assistimos à sua vitória sobre Nigel Mansell a menos de um carro de distância no GP de Mônaco de 1992; e testemunhamos ao vivo, pela TV, sua primeira vitória em solo nacional, o GP do Brasil de 1991, temporada em que Senna se sagrou tricampeão mundial. Esta prova será reprisada pela Globo neste domingo (10), por volta das 10h. 

Terei a oportunidade de reviver corrida tão dramática, uma das mais emocionantes e certamente a mais emblemática na trajetória do piloto brasileiro. Embora Senna tenha  liderado de ponta a ponta no autódromo de Interlagos, teve páreo duro na disputa com o italiano Riccardo Patrese, que terminou em segundo; e com seu segundo arquirrival (depois de Alain Prost), o inglês Nigel Mansell, que se manteve na segunda posição durante a maior parte da prova mesmo com duas paradas no pit-stop, porém rodou no S do Senna, por problemas técnicos, na volta 59. 

Antes disso, na volta 51, Senna havia perdido a quarta marcha, e terminou a prova fazendo um esforço descomunal para passar da terceira marcha direto para a quinta, o que fazia com que precisasse tirar a mão direita do volante e lhe acarretou em dores nos braços, nos ombros e no pescoço. 

Até que, conforme a corrida se aproximava do fim, a apenas sete voltas da bandeira quadriculada, Senna ficou ainda sem a terceira e a quinta marcha, de modo que precisou terminar a prova contando apenas com a sexta, o que reduzia seu tempo de retomada nas curvas e exigia um controle quase sobre-humano da McLaren V12 de 700 cavalos. Com isso, Patrese foi se aproximando cada vez mais, o que impediu Senna de parar para trocar os pneus, e, após tantas voltas, dificultou ainda mais a pilotagem do bólido.  

A duas voltas para o final da corrida, para a sorte do brasileiro, também conhecido como Rei da Chuva, começou a garoar, o que ajudou a conter Patrese, que terminou a etapa brasileira apenas dois segundos atrás de Senna, que venceu na raça.

Assim que cruzou a reta de chegada, brasileiro entrou na contramão em um dos acessos à pista e precisou ser removido do carro para poder sair. O pódio rendeu o momento mais emocionante. Contundido e completamente sem forças, o piloto precisou de ajuda para erguer a tão aguardada taça diante de 65 mil brasileiros. Mal conseguiu levantar a garrafa de espumante ao celebrar a vitória. E deixou Interlagos consagrado como um verdadeiro herói. 

Grande lembrança na história do país, do esporte mundial e de minha trajetória pessoal, que neste domingo terei a oportunidade de reviver. Não na presença do meu pai, que está em distanciamento social longe de mim, mas certamente com ele na memória. Aposto que também estará assistindo. 

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