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Senso de escassez compromete planos para o futuro

MEXICO

Nelson Antoine | Shutterstock

Octavio Messias - publicado em 30/06/21

Ao só pensar nos problemas, não enxergamos as soluções

Se estiver sozinho em uma floresta e se deparar com um urso, você não vai planejar o que comer quando terminar o passeio, não vai pensar em como pagar a mensalidade da escola das crianças, não vai nem pensar na pandemia. Toda a sua energia, todos os seus pensamentos e todas as suas ações serão regidos pelo instinto de sobrevivência e todos os recursos que você tiver vão ser usados para encontrar uma saída e salvar a sua vida.

Não nos esqueçamos que nosso cérebro é engatilhado por descargas elétricas. Toda ação do pensamento fica limitada ao que nas neurociências é conhecido como largura de banda, o que pode ser entendido como um campo limitado pelo qual o cérebro transmite informações por meio de suas conexões. Ele está programado para operar em uma determinada frequência ao identificar, às vezes muito antes de nossa consciência, sinais de perigo. Como, por exemplo, todos os problemas sanitários, de saúde e econômicos que chegaram com o novo Coronavírus. Tendemos a só pensar nos problemas, e isso nos impede de planejar o futuro.

Condições de prosperidade

Como disse o psicólogo Eldar Shafir, professor de psicologia da Universidade de Princeton, no podcast The Why Factor, da rede BBC, milhões de pessoas em condição de escassez material têm menos condições de construir uma vida melhor e prosperarem. Não porque elas não queiram ou não têm capacidade, mas porque o cérebro delas está sobrecarregado com informações referentes à miséria, o que, por um efeito de escassez, de esgotamento cognitivo, os impede de enxergar além dela.

“Pense como se você estivesse dirigindo na estrada durante uma tempestade. Você vai focar na estrada imediatamente à sua frente, não vai enxergar por sua visão periférica. Ocorre literalmente um efeito visual que você consegue enxergar o que está imediatamente à sua frente, e o que está na lateral perde foco. Você pode até não notar outdoors na estrada ou sinais de trânsito”, ilustra o pesquisador. 

Focar na solução

“O mesmo vale para quando você está fazendo malabarismos com a pobreza, quando você não sabe se terá dinheiro para jantar na sexta ou para o aluguel no final do mês. Você está dirigindo na tempestade, focando no que está logo em frente, e o periférico não recebe a sua atenção”, diz. “Quando você foca em momentos de escassez, você se sai muito bem naquilo que está focando. Tanto que os pobres tendem a controlar seu dinheiro e saber muito mais o preço das coisas do que os ricos. Mas quando você não planeja o futuro, há um preço a ser pago por isso.” 

O que faz com que agora, em meio às turbulências da pandemia, pensar além dos problemas e conseguir enxergar de uma perspectiva de fora da crise torna-se um desafio ainda maior. Ao qual devemos nos ater com disciplina. Em meio a problemas, não importa o quão insolucionáveis possam parecer, devemos respirar fundo e tentar enxergar além do problema. Avaliar a situação, com tranquilidade, usando a razão. Sair do modo escassez e projetar abundância, pensar no futuro e tentar identificar todas as oportunidades em que não estamos prestando atenção.

Em vez de só vermos o problema, devemos focar na solução.  

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