Vídeo que mostra 46 bebês nascidos de barrigas de aluguel chorando e à espera de seus “pais adotivos” reacende a polêmica sobre o comércio de seres humanos Indignação: essa é a expressão que melhor caracteriza o sentimento dos bispos da Ucrânia. No dia 12 de maio de 2020, o chefe da Igreja Greco-católica do país, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, e o arcebispo Mechyslav Mokshytskyi, presidente interino da Conferência dos Bispos da Igreja Católica Romana, emitiram uma declaração em que se mostram indignados pela situação de 46 bebês que, nascidos de mães de aluguel, esperam que suas famílias “anfitriãs” os retirem de uma clínica de barriga de aluguel.
Os bebês irão para famílias de países como Estados Unidos, Itália, Espanha, Reino Unido, China, França, Alemanha, México e Portugal, mas estão impedidos de deixar a Ucrânia por causa da pandemia de Covid-19.
“Um fenômeno vergonhoso”
“Nos últimos dias, assistimos a um vídeo publicado na página da clínica BioTexCom, em Kiev, [a principal clínica de barriga de aluguel na Ucrânia], que mostra um berçário improvisado e 46 bebês chorando, privados do contato materno, do calor paternal, do cuidado sem interesse e do afeto necessário”, denunciam os bispos.
“Tal demonstração de desprezo pela pessoa humana e sua dignidade é inaceitável. Nenhuma circunstância ou consequência pode justificar a prática da barriga de aluguel… Toda criança tem o direito de ser concebida naturalmente, de nascer em uma família e ser criada em uma atmosfera de amor por seu pai e sua mãe”, acrescentam os bispos.
Depois de condenar veementemente este “fenômeno vergonhoso” os prelados pedem às autoridades que “proíbam o comércio internacional de crianças na Ucrânia” e convidam o Estado a dar uma atenção especial à política familiar no país, para que “as mães ucranianas não tenham que usar seus corpos e seus filhos como forma de sobrevivência”.