Precisamos tanto da Santa Eucaristia quanto uma lamparina necessita de combustível para se manter acesa. Obviamente ela não deixará de existir, se apagada. Continua lá, mas não ilumina e deixa tudo frio. Complicou? Calma! Explico.
Dentro de nossa alma habita Deus Criador. E acredite, é necessário compreender essa verdade. Se você tem dificuldade de acreditar, saiba ainda que Deus habita dentro do mais pecador, até mesmo no coração dos criminosos. De fato, não se pode negar que, independentemente de seus crimes, são capazes de se converter e voltar os seus olhos para o céu. Ter consciência disso é entender a conversão dos pecadores. Não vamos esquecer o “bom ladrão” que foi para o céu com Jesus, arrependendo-se de seus pecados e conquistando o céu.
A nossa alma é como uma lanterna a óleo. A luz dentro dessa lanterna é Deus, Luz da Luz. Dependendo de nosso estado, a lanterna pode estar quase que apagada, mas ao buscar esta relação percebo que a maioria das pessoas estão com as lanternas acesas, porém a luz está apagada. Isso acontece porque o vidro está sujo. E existem vários tipos de sujeira e quantidades diferentes. Esta sujeira são os nossos pecados que deixam nossa alma encardida impedindo que a luz interior ilumine. Não é difícil de enxergar os tipos de lanternas. Quem teve a oportunidade de conhecer alguém que ilumina o ambiente quando chega, entende o que quero dizer. Também existem aquelas que escurecem o ambiente.
O importante é saber que uma lanterna pode ser acesa por uma fagulha de graça, mas nenhuma graça é capaz de limpá-la. Ela só poderá iluminar se o dono da lanterna quiser limpá-la. Somente confessando os nossos pecados podemos lavar nossa lanterna e com esforço próprio, pela nossa vontade, deixá-la cada vez mais limpa para que a luz de Deus brilhe.
A lanterna dos santos tem o vidro límpido, quase não é possível enxergá-lo. De tão limpo parece que não existe, só é possível ver a luz que vem de seu interior. Como não somos santos, precisamos manter esse fogo aceso e o caminho mais curto é estar em contato com Jesus. A Comunhão Santa nos coloca em contato com Jesus diretamente. Ele toca a nossa alma e mantém nossa chama acesa. Todos nós, ao comungarmos, estamos em contato direto com uma graça que é infinita, e por ser tão imensa, muitas vezes não valorizamos.
Há pessoas para quem Comunhão é uma condenação. Imagine uma lanterna que se mantém acesa com o mais perfeito óleo, porém não ilumina nada. É o mesmo que jogar no esgoto esse óleo perfeitíssimo, pois não tem objetivo. Assim é a comunhão daqueles que não o fazem em estado de graça. Suas lanternas estão tão sujas e o vidro já possui uma crosta tão grossa que sua luz interior não emite nem sequer um mísero feixe de luz.
Tudo isso é muito lindo e compreendemos o efeito da Eucaristia em nossa alma. Mas, se não posso recebê-la, como vou manter minha chama acesa? Pois bem, eu disse que a forma mais direta de se manter acesa nossa chama é a Sagrada Comunhão, mas não é a única. Deus quer o tempo inteiro se conectar conosco. Ele deseja ardentemente estar conosco.
Uma outra forma de manter nossas lanternas acesas e iluminadas é a oração e penitência. A oração é o combustível e a penitência a limpeza do vidro. É estar vigiando constantemente para que o vidro esteja limpo e o fogo aceso. A oração é capaz de nos conectar com Deus, que está presente em nosso interior e assim possamos fazer nossa Comunhão Espiritual.
Este tipo de comunhão é um exercício diário. Muitas pessoas estão vivendo isso neste tempo de pandemia. A intimidade com Deus é algo que se deve buscar o tempo inteiro. Ter consciência de que Deus vê tudo o que você faz, conhece o seu coração no mais íntimo. Imagine alguém que vá com você em todos os lugares e ainda leia seus pensamentos. Sabe de todas as coisas que você fez, das melhores e até das mais horripilantes. Deus sabe de tudo! Deus tudo vê! E até o que você nem imaginou Ele já pensou por você.
A Comunhão Espiritual é a prática de “estar na Presença”! É a prática da oração ininterrupta. É fazer todo o esforço de soprar a brasa ardente da nossa lanterna para não deixar que ela se apague até que um dia você perceba que não precisa fazer tanto esforço para mantê-la acesa pois há uma graça que santifica sua alma e lhe dá cada vez mais vigor para iluminar tudo e todos ao seu redor.
Precisamos do Corpo e Sangue de Cristo em contato conosco para que possamos estar unidos à Videira Fecunda, unidos num só corpo, através do Espírito Santo. Mas quando não podemos nos deixar tocar diretamente por esta imensa graça contamos com o auxílio do Espírito Santo, fogo ardente. É pelo esforço da oração que podemos manter acesa a chama e desejar ardentemente estar em contato direto com o Cristo, formando um só corpo, com toda a Igreja, a caminho do céu, iluminando a estrada para que as pessoas que caminham nas trevas vejam a Luz (que já não é mais nossa) e queiram também acender suas lanternas e caminhar conosco rumo ao céu.
Por Marcela Buback Del Antonio, do Hozana