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Fala equivocada da OMS não muda as recomendações de distanciamento social

AFRICAN AMERICAN WOMAN,

Vergani Fotografia | Shutterstock

Octavio Messias - publicado em 10/06/20

Declaração foi tirada de contexto e Organização Mundial de Saúde esclarece que infectados com ou sem sintomas podem transmitir o vírus 

Entre os acertos dos países que se saíram melhor na luta contra o novo coronavírus, como a nossa vizinha Argentina, com 905 casos por milhão de habitantes e 717 mortes (frente 3.511 casos por milhão de habitantes e 38.497 mortes no  Brasil), além de normas rígidas de distanciamento social e alinhamento com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, estão a definição clara dos protocolos a serem seguidos e a comunicação coordenada de orientações integradas para a população.

Caso contrário, como estamos vendo no país, corre-se o risco de cada cidadão não saber como agir e, sem querer, acabar contribuindo com a definição da doença. E como a Covid-19 é uma doença nova, sob a qual ainda se sabe muito pouco, é de se esperar que as pessoas se sintam perdidas em meio a novas descobertas a respeito do vírus.

Nesta segunda (8), uma fala da chefe do programa de emergências da OMS, Maria van Kerk, em uma coletiva de imprensa, gerou a confusão de cidadãos por todo o mundo e polêmica no meio científico. Ela discorria sobre ações de rastreamento dos hospitais para detectar a origem do contágio e disse que, nesse sentido, pacientes assintomáticos parecem ter um índice de transmissão “rara”.

Como definiu o microbiólogo e doutor em virologia Átila Iamarino, a fala da OMS foi tirada de contexto. Me parece um tanto óbvio que infectados assintomáticos raramente apareçam em rastreamentos feitos pelos hospitais, uma vez que a testagem tende a ser feita na entrada do paciente e quem procura atendimento costuma ser quem já possui o sintoma – o que é, inclusive, o mais indicado, uma vez que o ambiente hospitalar oferece maior risco de contágio. Também, claro, tosses, espirros e outros sintomas favorecem a exposição de outras pessoas ao vírus. O que não significa que o infectado, mesmo assintomático, não possa transmitir o vírus, por exemplo, depois de coçar os olhos – especialmente entre familiares.

No dia seguinte à polêmica, a chefe do programa de emergências da OMS foi ao Twitter explicar o engano e alertar para um outro estágio comum da doença, o pré-sintomático. Quando uma pessoa contrai o novo coronavírus, mesmo que ela depois venha a atingir um quadro grave, os primeiros sintomas demoram cerca de cinco dias para aparecer. Nesse ínterim, a doença já pode ser transmitida.

Portanto, continuam valendo as recomendações de distanciamento social, assim como o uso da máscara fora de casa. Este momento requer extremo cuidado na obtenção de informações e precisamos estar precavidos quanto a distorções dos fatos. Pois, como podemos ver, a informação tem o poder de salvar vidas.

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