As cirurgias no útero são um processo delicado. Por isso, o extraordinário sucesso desse procedimento é um sinal de esperança É realmente reconfortante, especialmente neste momento difícil, ouvir notícias que trazem esperança. Recentemente, um lembrete emocionante do milagre da nova vida veio na forma de uma cirurgia extraordinária realizada pela primeira vez no Hospital Bambino Gesù, em Roma – uma instituição pediátrica de prestígio internacional, administrada pelo Vaticano.
A operação aconteceu em abril, em um bebê com idade gestacional de 28 semanas. O bebê foi diagnosticado com uma forma grave de hérnia diafragmática congênita, conforme relatado pela agência de notícias italiana ANSA. Embora arriscada, a incrível cirurgia no útero foi um sucesso.
O que é hérnia diafragmática congênita?
Essa doença congênita é rara e atinge um a cada 2.500 nascidos vivos. Na Itália, afeta cerca de 150 a 180 crianças por ano; nos EUA, o número é superior a 1.600, de acordo com a CDH International.
A condição ocorre “quando o diafragma de um bebê (uma fina camada de músculo que separa o abdome do peito) não se forma completamente, permitindo que órgãos abdominais entrem na cavidade torácica e impeçam o crescimento pulmonar”, explica a CDH International. A taxa de mortalidade associada à disfunção pode variar, dependendo da extensão da doença e do tratamento que a criança é capaz de receber.
O sucesso da cirurgia
Os médicos do Hospital Bambino Gesù, juntamente com os da Clínica Mangiagalli, em Milão, e o Hospital San Pietro-Fatebenefratelli, em Roma, tiveram que inserir um fetoscópio (uma sonda muito fina equipada com uma câmera de fibra ótica) no útero da mãe e alcançar a boca do bebê. Naquela idade, o bebê tinha apenas 35 centímetros de comprimento e pesava cerca de 1 kg.
A partir daí, o fetoscópio desceu para a traqueia para posicionar e inflar um balão que se comportaria como uma rolha, impedindo que o líquido normalmente produzido pelos pulmões fosse empurrado pelos outros órgãos, o que comprometeria irreparavelmente o desenvolvimento dos pulmões. O fluido assim mantido dentro dos pulmões permitirá sua expansão gradual e garantirá, no momento da primeira respiração da criança, a oxigenação adequada.
A operação durou 45 minutos e foi concluída sem complicações. Dez dias depois, um exame de ultrassom revelou um aumento volumétrico nos pulmões do bebê. Ou seja: o balão estava trabalhando para ajudar o pequeno!
As identidades do feto e de seus pais não foram divulgadas ao público, para proteger sua privacidade. Mas esperamos e rezamos para que a gravidez tenha continuado segura e sem intercorrências para a mãe e a criança.
Nessa época, quando nos preocupamos tanto em ver os atuais limites da ciência em face da COVID-19, o resultado surpreendente de um procedimento tão complicado renova nossa esperança na capacidade da humanidade que, com a ajuda de nossos Criador, poderá triunfar sobre as muitas adversidades que somos forçados a enfrentar.