“A oração confere-nos nobreza: ela é capaz de assegurar a relação com Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem”Mesmo quem conheceu a solidão sabe que nunca esteve sozinho: este é o poder da oração, afirmou hoje o Papa Francisco.
Em sua catequese semanal, realizada na biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa falou sobre a oração de Davi.
Francisco explicou ao início que Davi foi o “predileto de Deus desde menino, foi escolhido para uma missão única, que assumirá um papel central na história do povo de Deus e da nossa fé”.
Nos Evangelhos, Jesus é chamado várias vezes “filho de Davi”; com efeito, como ele, nasce em Belém. Da descendência de Davi, segundo as promessas, vem o Messias: um Rei totalmente segundo o coração de Deus, em perfeita obediência ao Pai, cuja ação cumpre fielmente o seu plano de salvação.
Em primeiro lugar, o Papa explicou que Davi é um pastor: um homem que cuida dos animais, que os defende quando surge o perigo, que lhes dá o sustento.
É por isso que na Bíblia a imagem do pastor é muito recorrente. Também Jesus se define “o bom pastor”, o seu comportamento é diferente daquele do mercenário; oferece a sua vida pelas ovelhas, guia-as, sabe o nome de cada uma delas (cf. Jo 10, 11-18).
Um segundo traço característico de Davi – segundo o Papa – é o seu espírito de poeta.
Desta pequena observação deduzimos que David não era um homem vulgar, como muitas vezes pode acontecer com indivíduos obrigados a viver prolongadamente isolados da sociedade. O mundo que se apresenta aos seus olhos não é uma cena silenciosa: o seu olhar capta, por detrás do desenrolar dos acontecimentos, um mistério maior.
O Papa Francisco explicou então de onde nasce a oração:
A oração nasce precisamente dali: da convicção de que a vida não é algo que passa por nós, mas um mistério surpreendente, que em nós suscita a poesia, a música, a gratidão, o louvor, ou a lamentação e a súplica. Quando a uma pessoa falta essa dimensão poética, digamos, quando lhe falta a poesia, a sua alma coxeia.
Francisco explicou que a vida de cada pessoa também é cheia de contradições, tal como vemos na história de Davi.
Fitemos Davi, pensemos em Davi. Santo e pecador, perseguido e perseguidor, vítima e carnífice, o que é uma contradição. Davi era tudo isto, ao mesmo tempo. E também nós, na nossa vida, temos traços frequentemente opostos; na trama da vida, todos os homens pecam muitas vezes de incoerência.
Segundo o Papa, na vida de Davi “existe apenas um fio condutor que confere unidade a tudo o que acontece: a sua oração. Esta é a voz que nunca se apaga”.
Davi santo reza; Davi pecador reza; Davi perseguido reza; Davi perseguidor reza; Davi vítima reza. Até Davi carnífice reza. Este é o fio condutor da sua vida. Um homem de oração. Esta é a voz que nunca se apaga: quer assuma os tons do júbilo, quer os da lamentação, é sempre a mesma oração, só muda a melodia.
Agindo assim – prosseguiu o Papa –, “Davi ensina-nos a deixar que tudo faça parte do diálogo com Deus: tanto a alegria como a culpa, o amor como o sofrimento, a amizade como a doença. Tudo pode tornar-se palavra dirigida ao ‘Tu’ que nos ouve sempre”.
Davi, que conheceu a solidão, na verdade, nunca esteve sozinho! E no fundo este é o poder da oração, em todos aqueles que lhe dão espaço na própria vida. A oração dá-nos nobreza e Davi é nobre porque reza.
A oração confere-nos nobreza: ela é capaz de assegurar a relação com Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem, no meio das numerosas provações da vida, boas ou más: mas sempre com a oração.
Obrigado Senhor. Tenho medo Senhor. Ajudai-me Senhor. Perdoai-me Senhor.
Davi tinha tanta confiança – explicou no fim de sua catequese o Papa –, “que quando foi perseguido e teve que fugir não permitiu que o defendessem: ‘se o meu Deus me humilha deste modo, ele sabe’, porque a nobreza da oração nos deixa nas mãos de Deus. Aquelas mãos chagadas de amor: as únicas mãos seguras que nós temos”.
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