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Ricky Martin incendeia redes sociais com declaração errônea sobre Nossa Senhora

Ricky Martin

By Andrea Raffin|Shutterstock

Carmen Neira - Reportagem local - publicado em 24/06/20

O cantor afirmou que Maria "emprestou seu ventre para que Jesus viesse ao mundo"

Em entrevista ao jornal espanhol El País, Ricky Martin defendeu a prática popularmente conhecida como “barriga de aluguel”, mas preferiu usar o termo “empréstimo” e até o atrelou ao mistério cristão da Encarnação de Jesus:

“Eu não aluguei uma barriga. Me emprestaram o ventre e eu coloco num pedestal as mulheres que me ajudaram a criar a minha família. Assim como coloco num pedestal a Virgem Maria, que emprestou seu ventre para que Jesus viesse ao mundo”.

O cantor porto-riquenho é pai de gêmeos nascidos em 6 de agosto de 2008. Na ocasião, não haviam sido divulgados nem o local do nascimento dos bebês nem a identidade da mãe. O assunto teve grande repercussão midiática, chegando-se a especular que Martin teria contratado uma empresa especializada em procurar mães de aluguel, com termos de confidencialidade que garantissem que ela nunca viesse a saber que os filhos seriam criados por ele.

Reações acaloradas

A interpretação de que Nossa Senhora tenha sido uma espécie de “mãe de aluguel” de Jesus está gerando discussões intensas nas redes sociais, particularmente nos países latinos em que Ricky Martin é mais popular.

É preciso levar em conta, no entanto, que é necessário, sim, esclarecer a doutrina sobre a maternidade de Maria e a Encarnação de Jesus, mas preservando sempre a caridade cristã de não julgar a intenção de Ricky Martin, que só ele e Deus conhecem. É preciso distinguir entre julgar um ato específico de alguém e julgar o próprio alguém. O ato de expressar-se com termos errôneos deve ser objetivamente contestado e esclarecido, mas este ato não pode embasar nenhum julgamento que impute ao artista uma leviandade consciente ou um intuito de ofender Nossa Senhora.

Tem havido, lamentavelmente, comentários bastante agressivos contra a pessoa de Ricky Martin nas redes sociais: esse tipo de reação contra pessoas e não contra atos pontuais certamente não agrada à própria Santíssima Virgem, que também é mãe de Ricky Martin e de todos nós.

O erro deve ser claramente indicado e corrigido, com objetividade e imparcialidade. A pessoa que erra deve ser ajudada, não apedrejada.

A Encarnação de Jesus e a maternidade de Maria

Annunciation
Francisco Rizi | Public Domain

A Igreja celebra em 25 de março a Anunciação do Arcanjo Gabriel a Maria e, por conseguinte, também o mistério da Encarnação do Verbo de Deus, já que ambos os episódios da história da Salvação estão intimamente entrelaçados: é o dia em que o arcanjo traz o anúncio à jovem Virgem Maria de que ela conceberá e dará à luz por obra do Espírito Santo. Graças à livre aceitação do plano de Deus pela Virgem Santíssima, Jesus pode nascer: e no momento em que Maria diz SIM a Deus, “o Verbo Se faz carne”, ou seja, o Filho de Deus Se encarna no seio da Virgem Maria, que, portanto, é verdadeiramente Mãe de Deus. Trata-se de maternidade plena e não de “empréstimo” ou “aluguel” algum.

MARY,PREGNANT
Shutterstock

No início do Evangelho de São João, Jesus é chamado de “Verbo”: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Verbo, do latim Verbum, significa Palavra: a Palavra Viva de Deus, o próprio Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E o Verbo Se faz carne, isto é, assume a natureza humana, se encarna, vem habitar entre nós como um de nós: verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

É importante observar que Jesus assume a natureza humana inteira, em corpo e alma: quando Jesus se torna humano, Ele não deixa de ser Deus, mas também não se torna só “aparentemente” humano: Ele vai nascer, chorar, precisar de cuidados da mãe Maria e do pai adotivo José, dos avós Ana e Joaquim… Ele vai crescer, aprender, trabalhar, sofrer, experimentar a fome, o cansaço, o medo, a angústia, a tentação, a dor física. Sem deixar de ser Deus, Jesus é plenamente homem – porque, para a redenção, era preciso que um homem carregasse o peso dos pecados de todos os homens, e só era possível que Deus mesmo fosse esse homem.

A Encarnação do Verbo é, portanto, o profundíssimo mistério cristão daquele dia supremo em que a Virgem concebeu e gestou Aquele que a gerou, tornando-se Mãe daquele que a criou; Ele, que, como explica São Paulo, mesmo “sendo de condição divina, não se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-Se igual aos homens” (Fl 2,6-7). É este movimento divino de encarnar-se, denominado “kenose” pela teologia, o imenso e imponderável mistério que celebramos toda vez que rezamos o Ângelus ou o Creio.

O fato de que Maria é Mãe de Deus é um dos quatro dogmas marianos promulgados pela Igreja:


Os 4 dogmas de Maria também são títulos de Nossa Senhora

Leia também:
Os 4 dogmas sobre Nossa Senhora

Tags:
FilhosGravidezMaternidadeNossa Senhora
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