Iniciativas tentam prevenir casos e acolher as vítimas
Índices demonstram que os casos de violência doméstica pioraram durante a quarentena, quando muitas mulheres de repente passaram a se ver sob o mesmo teto que o agressor 24 horas por dia. Além da convivência extrema, os humores exaltados por conta da pandemia podem contribuir com as incidências de violência.
Corre na Câmara dos deputados o projeto de lei 1552/20, que, segundo a própria ementa, “dispõe sobre a proteção de mulheres em situação de violência durante a vigência do estado de calamidade pública, com efeitos até 31 de dezembro de 2020 ou enquanto durarem as medidas de quarentena e restrições de atividades no contexto da pandemia do Covid-19 (novo coronavírus)”.
Apenas no estado de São Paulo foi registrado um aumento de 44,9%, se comparado ao mesmo período no ano passado, no atendimento de mulheres vítimas de violência. No Rio de Janeiro esse número chega a 50%. Muitas vezes dependentes financeiramente dos maridos ou com medo de retaliação física, muitas mulheres acabam não procurando ajuda, o que contribui com que haja subnotificação.
O mais indicado a uma mulher que se ver nessa situação de confinamento com o agressor deve ligar 190 em caso de emergência e 180 para denunciar violência contra a mulher. Ainda assim, o marido pode obstruir o acesso da esposa ao telefone, entre outros empecilhos. Uma grande dificuldade, estima-se, é a mulher perceber que está sendo agredida, nem que seja no campo do abuso psicológico, o que tende a evoluir à violência física e até ao feminicídio.
Por isso algumas camadas da sociedade estão se mobilizando para prevenir ocorrências e para acolher as vítimas de violência doméstica. Nesta semana foi lançada pelo Conselho Nacional de Justiça, junto com iniciativas públicas e privadas, a campanha Sinal Vermelho, que instrui mulheres a procurarem ajuda em farmácias com um “X” marcado com caneta ou batom na palma da mão, código para que o atendente chame as autoridades.
O Instituto Maria da Penha, que visa a proteção da mulher, recentemente lançou o vídeo Call, que faz parte de uma campanha de conscientização das vítimas e de orientação às pessoas próximas que identifiquem a mulher que está sendo agredida.
Entre as iniciativas ainda está a rede de apoio Justiceiras, que desde o início da quarentena já ofereceu mais de mil atendimentos de psicólogos, assistentes sociais e advogados, que somam três mil voluntários. Para as interessadas basta entrar em contato pelo WhatsApp: (11) 99639-1212.
Portanto fique atento (a) às mulheres à sua volta, se souber de algum caso ofereça ajuda e, se acontecer com você, não deixe de denunciar.
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