Um estarrecedor martírio ocorrido em plena Itália do século XXI foi reconhecido como tal pelo Papa Francisco, mediante decreto firmado neste mesmo mês do Sagrado Coração de Jesus em que o fato completa 20 anos.
A vítima declarada mártir foi a irmã Maria Laura Mainetti, superiora das Filhas da Cruz no Instituto Maria Imaculada de Chiavenna, Itália, dedicado ao auxílio de jovens em dificuldades sociais. Em 6 de junho do ano 2000, ela foi assassinada em um ritual satânico perpetrado por três jovens mulheres que a enganaram simulando um pedido de socorro.
O assassinato e as assassinas
Pouco antes do brutal e covarde assassinato, a religiosa italiana recebeu uma ligação de uma das jovens, que dizia estar grávida e necessitada de auxílio. Embora passasse das 10 horas da noite, a irmã Maria Laura resolveu encontrá-la por causa da aparente urgência do caso, que demandava resposta imediata. Quando chegou ao parque no qual estava marcado o encontro, a irmã foi golpeada na cabeça e, em seguida, fragilizada e sem conseguir defender-se, foi morta a punhaladas por Milena De Giambattista (16 anos), Ambra Gianasso (17) e Veronica Pietrobelli (17). As três criminosas menores de idade perpetraram esse crime brutal, conforme a sua própria confissão, em tributo ao diabo.
As assassinas relataram que, enquanto sacrificavam a religiosa, ouviam músicas de Marilyn Manson. O ritual, porém, não saiu como elas pretendiam, já que deram 19 facadas na irmã Maria Laura, uma além das 18 que pretendiam desferir. O número tinha sido definido porque cada uma das assassinas daria 6 punhaladas, configurando juntas, assim, o símbolo 666, ao qual é associado o demônio no livro do Apocalipse.
Sobre o motivo do crime que chocou a Itália profundamente, as criminosas contaram que tinham feito um pacto de sangue entre si e com o diabo e que, em decorrência, sacrificariam a ele o pe. Ambrogio Balatti, sacerdote local. Devido à força física do padre, que provavelmente resistiria ao ataque, elas mudaram os planos e “escolheram” em seu lugar a irmã Maria Laura.
As adolescentes foram julgadas e presas, e, cumprida a pena, trocaram de identidade. Não se tem informação pública sobre a sua atual localização.
Martirizada por ódio contra a fé, a irmã morreu perdoando
Na época dos fatos, a mídia italiana divulgou um testemunho das jovens criminosas no qual declaravam que a irmã Maria Laura chegou a se ajoelhar e a juntar as mãos em oração, enquanto era esfaqueada, para implorar a Deus que perdoasse as assassinas.
Na Santa Missa que foi celebrada neste mês pelos 20 anos do assassinato da religiosa, dom Oscar Cantoni, bispo de Como, recordou:
“Ela se entregou a todos, de diferentes formas. Alguns meses antes da sua morte, havia escrito: ‘Precisamos estar disponíveis para todos os outros, a ponto inclusive de dar a vida como Jesus'”.
A trajetória como religiosa rumo à beatificação

Maria Laura era o nome religioso de Teresina Mainetti, nascida em 1939 e décima filha do casal católico Stefano Mainetti e Marcellina Gusmeroli, da região italiana da Lombardia. Ela entrou na congregação das Filhas da Cruz em agosto de 1957, aos 18 anos. Dois anos depois, emitiu seus votos religiosos, adotou o novo nome e começou a trabalhar como educadora em diversas escolas da congregação. Foi nomeada superiora de sua comunidade em 1987.
A irmã Maria Laura Mainetti perseverou na vocação durante 43 anos, transcorridos entre o dia da sua entrada na congregação e a noite em que entregou a vida a Deus enquanto as suas assassinas se iludiam acreditando entregá-la ao diabo.
Seu martírio, conforme reconhecido pelo Papa Francisco no decreto de 19 de junho de 2020, foi qualificado como “in odium fidei“, ou seja, decorrente de ódio contra a fé. Com esta medida, o Papa autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a dar andamento ao processo de beatificação da irmã Maria Laura.

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