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Polêmica na Bolívia: TV transmite ao vivo a morte de suposto doente de covid-19

UOMO, TESTA, TELEVISIONE

Shutterstock

Reportagem local - publicado em 30/06/20

Defensoria Pública denuncia sensacionalismo e baixeza contra a dignidade humana

O programa “No mentirás” (“Não mentirás“), do canal boliviano PAT, levou ao ar neste mês, durante mais de meia hora, as imagens ao vivo de um homem que agonizava após uma parada cardiorrespiratória, enquanto os médicos tentavam reanimá-lo num hospital de Santa Cruz de la Sierra, a maior cidade do país e o epicentro da epidemia de covid-19 na Bolívia. O paciente estava supostamente contaminado pelo coronavírus.

O canal declarou que a exibição era “necessária” para denunciar a negligência das autoridades bolivianas no tocante aos profissionais da saúde.

A defensora pública Nadia Cruz, no entanto, fez críticas contundentes ao programa, exibido perto da meia-noite:

“Condenamos esse tipo de notícia (…) que demonstra sensacionalismo, exibindo repetidas e mórbidas imagens de um tratamento cardiopulmonar realizado em uma pessoa (…) que infelizmente veio a falecer”.

A transmissão também foi muito criticada pela população e por jornalistas nas redes sociais.

María Trigo, do jornal El Deber, apontou o desrespeito à família e aos mortos e declarou que já se “perdeu muita coisa com esse vírus, inclusive a empatia“. Fabiola Chambi, do jornal Los Tiempos, considerou que a transmissão “não é apenas uma falta de respeito e de humanidade: é uma baixeza que deve ser multada“.

A exploração midiática das desgraças humanas

A veiculação da morte de um ser humano em rede nacional e ao vivo é certamente aberrante, mas a reflexão crítica sobre esse caso pode ser estendida às abordagens adotadas em praticamente todos os países por milhares de sites, jornais, revistas e programas de rádio e televisão, inclusive de grandes grupos nacionais e internacionais de comunicação: qual é o limite aceitável entre a objetividade da notícia, que é dever de todo veículo de comunicação, e a mera exploração midiática, que frequentemente extrapola os fins mercadológicos para influenciar ideologicamente?




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