separateurCreated with Sketch.

Bispos de Europa e EUA pedem “prioridade máxima” para desarmamento nuclear

web2-nuclear-explosion-mururoa-atoll-afp-000_arp2292596.jpg
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Reportagem local - publicado em 02/07/20
whatsappfacebooktwitter-xemailnative

Expira em fevereiro de 2021 o atual tratado entre Estados Unidos e Rússia para limitar os seus arsenais nuclearesExpira em fevereiro de 2021 o atual tratado entre Estados Unidos e Rússia para limitar os seus arsenais nucleares. Os dois países, juntos, possuem mais de 90% de todo o arsenal nuclear do planeta.

Diante deste panorama, os bispos norte-americanos e europeus emitiram uma declaração conjunta pedindo “prioridade máxima” na ratificação do compromisso de ambas as nações com o desarmamento nuclear. O documento foi assinado pelo arcebispo dom David J. Malloy, presidente do Comitê Episcopal sobre Justiça Internacional e Paz, dos Estados Unidos, e pelo arcebispo dom Rimantas Norvila, presidente da Comissão para as Relações Externas da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE). Escreveram os bispos:

“Se o Novo Tratado Start expirar em fevereiro de 2021, Estados Unidos e Rússia não terão, pela primeira vez desde 1972, limites juridicamente vinculantes e verificáveis para os seus arsenais nucleares estratégicos, o que também poderá ter implicações significativas para a segurança europeia e a paz global”.

Representantes dos governos da Rússia e dos Estados Unidos começaram reuniões, em junho, para discutir os rumos do seu último acordo, assinado em 8 de abril de 2010. No ano passado, Washington e Moscou já suspenderam as obrigações do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, que havia sido assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev.

Dom David J. Malloy e dom Rimantas Norvila pediram, em nome dos bispos, que o diálogo entre Rússia e EUA se caracterize “pela sabedoria e construção da confiança e cooperação” e dê ao controle de armas e ao desarmamento nuclear “a máxima prioridade“. Eles observaram que “o horror de uma potencial guerra nuclear” parece distante após o fim da guerra fria, mas, ao mesmo tempo, “recentes desdobramentos geopolíticos recordam que o mundo permanece em grave perigo“.

O episcopado norte-americano e europeu também convida os fiéis a rezarem “por um diálogo frutífero, que faça progredir o necessário controle dos armamentos, assim como o desarmamento, promovendo um mundo mais pacífico e justo“.

A declaração conjunta dos bispos faz votos de uma global abolição das armas nucleares, já pedida pelo Papa Francisco em sua viagem ao Japão, onde o pontífice prestou homenagem às vítimas da bomba de Nagasaki. Na ocasião, Francisco declarou:

“Que a oração, a incansável busca de acordos, a insistência no diálogo sejam as ‘armas’ em que deponhamos a nossa confiança e também a fonte de inspiração dos esforços para construir um mundo de justiça e solidariedade que dê reais garantias para a paz”.



Leia também:
Nagasaki: o menino de 10 anos que carrega nas costas o irmãozinho morto