Como agora nos vemos isolados por conta da pandemia, os livros voltam a se revelar companheiros fiéis. Não sou eu que estou dizendo, mas a última pesquisa pesquisa da Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que aponta um aumento de 31% nas vendas dos livros no período de 18 de maio a 14 de junho, em comparação com o mês anterior. Ao que me parece, a partir do momento em que as pessoas estão encontrando a normalidade na quarentena, com mais tempo para si, estão reencontrando os livros.
Comparado ao mesmo período de 2019, o faturamento de livros caiu 3,16%, o que é um decréscimo insignificante uma vez que as livrarias físicas, ainda o negócio principal na distribuição das obras, estavam fechadas em 2020. Ou seja, esperavam-se um decréscimo muito maior.
O levantamento surge como uma ponta de alívio para o setor. No início de abril, ainda no começo da pandemia, estudos previam retração de até 65% como efeito das livrarias físicas fechadas. Mas como muitas livrarias, desde as pequenas de bairro até franquias maiores, se adaptaram em operações de delivery e envio pelos Correios, verdadeiras ações de guerrilha, além dos marketplaces habituais que já existiam, como Amazon e Submarino, pudemos ver uma vibrante reação do mercado. Agora com as livrarias novamente abertas, fica a esperança de que indicadores tão positivos se mantenham.
Outra fatia do mercado, que não foi contemplada no estudo, é a dos e-books, que podem ser lidos em um Kindle, um tablet, notebook e até telefone celular a partir de marketplaces como Amazon, Google Books e Apple Books. Os livros digitais representam em média 10% do faturamento das grandes editoras.
Essa recuperação possivelmente está relacionada também aos esforços das editoras para se comunicarem e se fazerem presentes na vida dos leitores durante o isolamento. A Companhia das Letras, por exemplo, lançou o festival Na Janela, com debates e leituras de escritores e especialistas dentro de assuntos específicos. A terceira e mais recente edição, com o tema Lutas Antirracistas, ocorreu no último fim de semana com transmissão ao vivo no canal da editora no YouTube (www.youtube.com/user/CompanhiaDasLetras) e teve mais de 12 mil espectadores. A Companhia das Letras ainda lançou em seu blogue (www.blogdacompanhia.com.br) a série Diários do Isolamento, na qual os autores da casa publicam os seus relatos.
Se o período em reclusão favorece que eles escrevam, o tempo em distanciamento social também incentiva o público a ler.