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Iraque: Presença cristã nas terras bíblicas da Planície de Nínive está em risco

IRAQ
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Fundação AIS - publicado em 19/07/20
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A comunidade cristã da região poderá ser de apenas cerca de 23 mil pessoas em 2024, o que significará apenas 20% da população da Planície de Nínive antes do ataque do DaeshA presença cristã continua ameaçada no Iraque mesmo após a derrota do Daesh, os jihadistas do Estado Islâmico. Esta é uma das principais conclusões de um relatório produzido pela Fundação AIS sobre “os novos desafios para o cristianismo” neste país “depois do ISIS” [ou Daesh], e que inclui os resultados de uma pesquisa junto da população cristã iraquiana.

O estudo identifica os principais desafios enfrentados pelos cristãos que regressaram às suas terras após a fuga desordenada de milhares de pessoas para o chamado Curdistão, perante a invasão terrorista da Planície de Nínive no Verão de 2014.

Segundo este relatório, a comunidade cristã da região poderá ser de apenas cerca de 23 mil pessoas em 2024, o que significará apenas 20% da população da Planície de Nínive antes do ataque do Daesh.

Esta será uma realidade dramática caso não venham a ser implementadas medidas de apoio à permanência dos cristãos nas terras bíblicas. Segundo o estudo, há o risco de a comunidade passar da situação de “vulnerável” à de “ameaçada de extinção”.

O resultado do inquérito permite concluir também que todos os cristãos referem a questão da falta de segurança como um dos principais problemas, sendo que 87% indicam que sentem isso “muito” ou mesmo “notavelmente” no dia-a-dia.

A questão da segurança é muito significativa. Quase 70% dos cristãos que participaram no estudo referem a existência ainda, na região, de actividade violenta por parte de milícias locais e mostram receio perante a possibilidade do regresso em força do Daesh. O medo é uma das razões principais que justifica a emigração das famílias cristãos iraquianas.

Entre as milícias que continuam a ter actividade forte na zona da Planície de Nínive, foram identificadas a Shabak e a Brigada da Babilónia, duas organizações apoiadas pelo Irão.

Estas duas milícias operam com a permissão do governo iraquiano porque foram importantes no esforço de guerra para a derrota do Daesh. No entanto, cerca de 24% dos entrevistados da Fundação AIS indicam que as suas famílias foram já “afectadas negativamente” por uma milícia ou grupo hostil. “Assédio e intimidação, frequentemente relacionados por pedidos de dinheiro” são as formas mais comuns de hostilidade relatadas.

Desemprego (70%), corrupção financeira e administrativa (51%) e discriminação religiosa (39%) são outras questões levantadas no inquérito e que estão na base do descontentamento que tem levado à emigração da comunidade cristã.

As disputas entre o governo central de Bagdade e o governo regional do Curdistão, onde vivem muitas famílias cristãs, vieram aumentar também o sentimento de insegurança que prevalece na comunidade.

“O relatório não é pessimista mas é, isso sim, uma clara advertência porque sem uma acção política concertada e imediata, a presença dos cristãos na Planície de Nínive e na região será eliminada”, afirma o Padre Andrzej Halemba, chefe do departamento do Médio Oriente da Fundação AIS.

O estudo foi dirigido pelo Padre Halemba e levado a cabo por Xavier Bisits, colaborador da fundação pontifícia no Iraque em 2019.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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