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Papa Francisco: “Colaboremos com o bem que cresce silenciosamente”

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Reportagem local - publicado em 20/07/20
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“O mal deve ser rejeitado, mas com os malvados é preciso ter paciência: não tolerância hipócrita e ambiguidade, mas justiça e misericórdia”No Ângelus deste domingo, 19, o Papa Francisco abordou a parábola do trigo e do joio, relatada no Evangelho de São Mateus:

“O Reino dos Céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: ‘Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?’. Disse-lhes ele: ‘Foi um inimigo que fez isto!’. Replicaram-lhe: ‘Queres que vamos e o arranquemos?’. ‘Não’ – disse ele –; arrancando o joio, arriscais tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro’” (Mt 13, 24-30).

Francisco destacou:

“O mal deve ser rejeitado, mas os malvados são pessoas com as quais é preciso ter paciência. Não se trata daquela tolerância hipócrita que oculta ambiguidade, mas da justiça mitigada pela misericórdia. Se Jesus veio buscar mais os pecadores do que os justos, curar antes os enfermos que os saudáveis, também a nossa ação, como seus discípulos, deve ser dirigida não para eliminar os malvados, mas para salvá-los”.

Sobre a parábola do trigo e do joio, o Papa ainda observou:

“É uma história de bom senso. Pode-se ler nesta parábola uma visão da história. Ao lado de Deus, o dono do campo, que semeia sempre e somente boa semente, há um adversário, que espalha o joio para impedir o crescimento do trigo. O proprietário age abertamente, à luz do sol, e seu objetivo é uma boa colheita; o outro, o adversário, no entanto, tira proveito da escuridão da noite e trabalha por inveja, por hostilidade, para arruinar tudo. O adversário tem um nome, o adversário ao qual se refere Jesus tem um nome: é o diabo, o opositor por excelência de Deus. Sua intenção é atrapalhar a obra da salvação, fazer com que o Reino de Deus seja obstaculizado por operários iníquos, semeadores de escândalos. De fato, a boa semente e o joio representam não o bem e o mal abstratamente, mas a nós, seres humanos, que podemos seguir a Deus ou o diabo”.

Francisco ainda diferenciou o olhar de Deus e o olhar dos servidores, enfatizando que a paciência de Deus é o exemplo para o agir cristão:

“Os servidores querem um campo sem ervas daninhas, o proprietário um bom trigo. O Evangelho apresenta duas maneiras de agir e viver a história: por um lado, o olhar do patrão, que vê longe; por outro, o olhar dos servidores, que veem o problema. O Senhor nos convida a assumir o seu próprio olhar, que se fixa no bom trigo, que sabe protegê-lo mesmo entre as ervas daninhas. Aqueles que buscam os limites e defeitos de outros não colaboram bem com Deus, mas sim aqueles que sabem reconhecer o bem que cresce silenciosamente no campo da Igreja e da história, cultivando-o até a maturação. E então será Deus, e somente Ele, a recompensar os bons e punir os malvados”.

Ao encerrar, o Papa pediu, como sempre, a intercessão de Maria:

“Que a Virgem Maria nos ajude a entender e imitar a paciência de Deus, que deseja que nenhum de seus filhos se perca, a quem Ele ama com o amor do Pai”.