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A “síndrome de Emaús”, as ideologias, o concílio e o desânimo de alguns sacerdotes

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Aleteia Brasil - publicado em 05/08/20

Pe. Zezinho: "Neste mês, soube que cinco padres que conheci deixaram suas funções sacerdotais por desânimo"

O pe. Zezinho postou em sua rede social algumas considerações pessoais sobre um fenômeno a que denominou “síndrome de Emaús”. Ele o relaciona com decepções que alguns sacerdotes tiveram por não verem realizado mais rapidamente o que considerariam um “sonho” de “renovação” da Igreja a partir do concílio Vaticano II, que é reiteradamente defendido pelo pe. Zezinho.

A opinião do sacerdote brasileiro representa uma das perspectivas para um diálogo crítico entre os católicos a respeito desse evento da história da Igreja que tem sido bastante discutido no tocante aos seus impactos, entendidos como predominantemente positivos por uma ala da Igreja e como predominantemente negativos por outra. É nesse contexto, aliás, que alguns católicos consideram o próprio pe. Zezinho como propenso à teologia da libertação e a ideologias de esquerda, embora ele mesmo rejeite esta associação e se declare “nem esquerdista, nem direitista, nem centrista”, mas apenas “defensor da Doutrina Social da Igreja”.

Aleteia tem diversos artigos que abordam aspectos ideológicos e sua relação com o catolicismo. Você pode encontrar alguns desses artigos ao final da presente matéria.

Eis o que o pe. Zezinho escreveu sobre o que chama de “síndrome de Emaús”:

Ninguém está imune a ela, como ninguém está imune ao desânimo de Tomé! Este mês soube que cinco padres que conheci deixaram suas funções sacerdotais por desânimo, discordância com o bispo e com a Igreja. Um porque será pai de uma criança e pretende assumi-la; um porque apaixonou-se por uma professora do colégio; e três por razões políticas de direita e de esquerda. Mandei mensagem a quatro deles porque somos amigos. O outro mudou de telefone! Repenso os dias da paixão e da ressurreição de Jesus, anos 33-35. Tomé tinha ido embora do grupo. Os dois discípulos de Emaús acharam que o sonho não dera certo. Jesus acabara de ser derrotado e eles voltavam tristonhos para sua aldeia. Os companheiros de Tomé lhe deram a notícia de que Jesus tinha ressuscitado. Jesus mesmo deu a notícia aos dois de Emaús. E o sinal foi a partilha do jantar naquela noite, depois de cerca de 6 quilômetros de caminhada. Os três desanimados voltaram. Mas penso nos milhares que nunca voltaram a exercer o ministério, porque, para eles, o sonho acabou e o ideal esmaeceu. Quiseram seguir Jesus por outros caminhos. Ninguém está livre deste sentimento; ou porque discordam do Papa atual, do bispo e das mudanças depois do Concílio. O CONVÍVIO ficou penoso por causa do CONCÍLIO. Sonhavam com uma Igreja antes de 1959. E também acompanhei os dramas dos padres que optaram pela política e por mudanças mais avançadas que não vieram com João Paulo II e nem mesmo com o Papa Francisco. A igreja com a qual sonharam não acelerou o passo no tempo como gostariam. Foram em frente, agora num partido político, ou como leigos. A síndrome de Emaús mexe com qualquer um que sonhou alto e não viu a Igreja dar os passos que esperavam. Cansaço? Decepção? Amor antigo? Novos amores? Novos sonhos políticos para o Brasil? Só eles sabem. Continuo amigo deles e, como gosto dos passos atuais da Igreja desde João XXIII, ainda que sejam lentos, continuo a minha leitura da História do Mundo e da Igreja e das Igrejas. Eu, que sou meio lento para entender a História e a Igreja (como os apóstolos também eram lentos), posso entender a pressa ou a leitura deles. Oro e respeito. Acho que sofrem mais do que admitem. Alguma coisa não correspondeu aos seus sonhos. Meu sonho continua, com mudanças rápidas ou lentas, mas confio no Concílio e nos documentos, nos Papas e bispos que conheci. Eles não são perfeitos. Eu menos ainda! Muitos deles eram mais zelosos e mais cultos do que eu. Mas para eles não deu! Continuo em clima do cenáculo! Acho que haverá luzes para todos os que ainda creem no presente e no futuro da nossa Igreja. Mas a longa espera já abortou muitos sonhos.



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IdeologiaIgrejaPadresPolítica
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