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Dark: série alemã capta o espírito do nosso tempo

NIGHT

SplitShire | Pexels CC0

Octavio Messias - publicado em 18/08/20

Disponível no Netflix e cultuada mundialmente, Dark mostra um 2020 distópico de futuro incerto

Ao se discutir arte, em todas as suas formas, fala-se muito sobre Zeitgeist, palavra alemã que que significa “espírito da época”.

É comum que uma obra dialogue com obras de contemporâneos, que trate do mesmo tema, ou até que preveja uma nova realidade.

Como se os artistas, por meio de uma intuição aguçada, pudessem se conectar a um inconsciente coletivo e capturar o sentimento do seu tempo.

E se existe uma palavra para definir Dark, série alemã cultuada mundialmente, já em sua terceira temporada, esta palavra é Zeitgeist.

A começar pela primeira temporada, de 2017, na qual, paralelamente ao desenvolvimento da trama, ocorre um longo e profundo debate filosófico sobre destino e livre arbítrio, no qual uma estranha figura encapuzada defende que nossas decisões, até mesmo quando definidas a partir do instinto ou no limiar da razão, seriam pré-determinadas por forças maiores do universo que teriam controle sobre os seres humanos, apesar de suas pretensões de liberdade.

Em Dark a viagem vai longe e para se maravilhar com a incrível (e fabulosa) narrativa, é preciso embarcar.

Passada na cidade alemã fictícia de Winden, narra a história ancestral de diversas famílias que atravessam ciclos turbulentos a cada 33 anos.

No tempo presente, que se passa, veja só, entre 2019 e 2020, as vidas dessas famílias se inter-relacionam em uma série de intrigas, como um caso extraconjugal, e tragédias, como o desaparecimento de um garoto.

Assim como seus antepassados também se relacionaram em conflitos e disputas de poder, inclusive pelo controle dos dispositivos de viagem no tempo, que obrigatoriamente para os anos de 1986 ou 1953.

A trama mostra como as ações do passado surtem efeito até o presente e quando se volta no tempo para alterar o desfecho do que já passou, as consequências podem ser trágicas. A sequência de eras e como isso afeta a árvore familiar dos personagens forma um paradoxo metafísico.

Uma das maneiras de se viajar no tempo é por meio de um túnel em uma caverna – onde o jovem Mikkel se perde no primeiro episódio (e vai parar em 1986) – que funciona como um portal.

Na segunda temporada, que foi lançada em 2019 e se passa em 2020, um dispositivo em uma trincheira na caverna está em iminência de ativar uma explosão nuclear que coloca em risco a espécie humana. O clima de desespero e incerteza apresenta um Zeitgeist impactante deste nosso 2020.

O que gerou ainda mais expectativa para a terceira temporada, que estreou em plena pandemia, e parte exatamente desse ponto: o apocalipse.

Não é comum vermos uma série alemã causar tamanho frisson e Dark merece cada aplauso. Criada pelo cineasta Baran bo Odar, a superprodução tem fotografia e efeitos comparáveis a Game of Thrones e Senhor dos Anéis, porém com direção de arte moderna e cool.

Preste atenção no casaco amarelo do protagonista Erik. Além da peça do figurino compor lindamente em conjunto com todos os cenários (é difícil um quadro da série que não seja muito bonito), terá papel no desfecho na trama.


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