O projeto de lei estadual inclui a religião entre os "vícios de conduta"
Precisando de uma ideia para a esmola quaresmal?
Ajude-nos a difundir a fé na internet! Você poderia fazer uma doação para que possamos continuar criando conteúdos gratuitos e edificantes?
Um projeto de lei proposto em maio foi reapresentado em agosto pelo deputado estadual suplente Edgar Humberto Gasca, do Estado mexicano de Quintana Roo, mundialmente conhecido por paraísos turísticos como a Riviera Maia, Cancún, Playa del Carmen e Tulum.
O projeto pede que a religião seja considerada “atividade potencialmente viciante e perigosa para a sociedade”.
Gasca pertence hoje ao partido de esquerda que governa o México, o Movimento Nacional de Regeneração (Morena). Até 2016 ele era membro do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que se manteve no poder no país durante nada menos que 7 décadas consecutivas, de 1929 até 2000. Em 1990, o escritor peruano Mario Vargas Llosa alcunhou o governo mexicano, sob o PRI, de “ditadura perfeita”.
O projeto apresentado por Gasca pretende reformar a Lei de Prevenção e Tratamento de Dependências em Quintana Roo, abordando “vícios de conduta” e “vícios de ingestão”. Entre os “vícios de ingestão”, enumeram-se os químicos, o álcool, a nicotina, a maconha, os sedativos hipnóticos, a anfetamina, o ecstasy, a heroína, o ópio e a comida, propondo inclusive punir a anorexia. No conjunto dos “vícios de conduta”, ele coloca no mesmo nível os vícios em jogo, sexo, relacionamentos, religião, trabalho, internet e co-dependência.
Para o deputado, a religião pode levar a “uma doença psicoemocional ou transtorno debilitante”, sendo um vício “dos mais perigosos para a sociedade e para as famílias mexicanas”.
A proposta de Gasca obrigaria as autoridades de Quintana Roo a promoverem ações contra “toda atividade, conduta ou relação que prejudique a saúde do indivíduo” e a “informar a sociedade sobre danos biopsicossociais irreparáveis em decorrência delas”.
A amplitude e generalidade do projeto abre perigosas brechas para que o governo monitore e imponha restrições a quem for considerado “viciado” em atividades tão díspares quanto consumir heroína ou maconha, navegar muitas horas por dia na internet ou frequentar muito a igreja.

Leia também:
“1984” em 2020: os estarrecedores “créditos sociais” da China para controlar o povo