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Papa preocupado: o Estado Islâmico chegou a um país de língua portuguesa

Macomia, Moçambique
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Reportagem local - publicado em 25/08/20
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Francisco telefonou para o bispo local, o brasileiro dom Luiz Fernando, ameaçado de morteNo Ângelus deste 23 de agosto, o Papa Francisco declarou:

“Desejo reiterar a minha proximidade à população de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, que sofre com o terrorismo internacional. Faço isto na memória viva da visita que fiz há um ano àquele amado país”.

Sob o terror

Milicianos jihadistas ligados ao Estado Islâmico incendiaram a igreja de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, além do colégio Januário Pedro, o hospital distrital e dezenas de casas, carros e lojas.

ISLAMIST TERROR;MOZAMBIQUE

Ajuda à Igreja que Sofre
Igreja destruída por jihadistas em Mocímboa da Praia, Moçambique

A cidade portuária fica na região do Cabo Delgado, rica em reservas de gás natural liquefeito. A jazida é uma mais importantes da África e atrai grandes investimentos para a sua extração. Invadida pelos jihadistas e por bandeiras pretas, principalmente desde junho, a província está apavorada: as pessoas, com medo de ataques repentinos e brutais, estão fugindo sem levar praticamente nada.

O Estado Islâmico espantou o mundo ao se aproveitar das instabilidades que se seguiram aos levantes populares da fracassada “Primavera Árabe”, a partir do final de 2010, para conquistar territórios e implantar um regime de terror principalmente nas regiões mais debilitadas pela fragmentação do poder entre facções em combate, como o Iraque, a Síria e, pouco depois, a Líbia. Além disso, aliou-se ao selvagem bando de fanáticos terroristas islâmicos Boko Haram, da Nigéria, um dos mais sanguinários da atualidade. Apesar da derrota do Estado Islâmico no Oriente Médio e da perda da quase totalidade dos territórios que havia conquistado e devastado, o grupo de assassinos mantém células ativas e laços com vários outros bandos doentios em diversas regiões da Ásia e da África.

Agora, pela primeira vez, o grupo está começando a espalhar o seu fanatismo terrorista de modo mais intenso num país de língua portuguesa.

Telefonema do Papa

O Papa Francisco telefonou no dia 19 de agosto para o bispo de Pemba, dom Luiz Fernando Lisboa, que é brasileiro e está ameaçado de morte. Sua diocese fica na região invadida pelos terroristas.

Francisco orientou dom Luiz Fernando a manter contato com o cardeal Michael Czerny, do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, que o ajudará na assistência humanitária à população local.

LUIZ FERNANDO LISBOA

Foto: Leandro Martins
Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba, Moçambique

Por sua vez, dom Luiz Fernando contou ao Papa que, depois dos ataques, além das pessoas assassinadas, do terror entre os sobreviventes e da destruição provocada na região, há também duas freiras desaparecidas, ambas da congregação internacional das Irmãs de São José de Chambéry.

Uma região desolada pelo sofrimento

O Papa visitou o país em 2019. O lema da visita foi “Esperança, paz e reconciliação”. Moçambique vinha de uma guerra civil devastadora, principalmente em suas regiões centro e norte. Além disso, também sofreu os efeitos arrasadores dos ciclones Idai e Kenneth, com mais um rastro de mortes e miséria.

Cyclone Mozambique

© fivepointsix – Shutterstock

Pemba, Moçambique, devastada pelo ciclone Kenneth (2019)

O novo fantasma é o jihadismo.

Segundo informações da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, mais de 500 mil pessoas são afetadas pela tragédia humanitária na região, com centenas de mortos e cerca de 200 mil deslocados.

Dom Luiz Fernando Lisboa vem denunciando internacionalmente a violência que devassa o país e tem feito apelos intensos pelo fim da onda de violência e mortes que se agravou a partir de outubro de 2017 e assim prossegue até hoje, com preocupantes perspectivas.


ACN
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