Trabalhar em casa é o que podemos chamar de uma faca de dois gumes. Se por um lado temos a conveniência de não precisar nos deslocar até o local de trabalho, por outro acabamos trabalhando mais, ainda que sem o mesmo rendimento. São comuns relatos de pessoas que se esquecem de almoçar e hoje trabalham até mais tarde do que antes da quarentena.
O aproximar do fim do expediente e a vontade de querer ir para casa são motivadores para acelerarmos o cumprimento das nossas tarefas. Agora, quando já estamos em casa o tempo todo, as horas voam e o tempo dedicado ao trabalho se torna bem maior do que antes, estendendo o expediente e espremendo as horas de lazer. Consultores de RH e gestores de pessoas afirmam que essa parece ser uma tendência imposta pela novo normal.
Que já parece ser a realidade da maioria dos brasileiros que estão em home-office, segundo pesquisa feita pelo Centro de Inovação FGV-SP com 464 entrevistados. Desses, 56% afirmaram que têm muita dificuldade ou dificuldade moderada em equilibrar as atividades profissionais com as pessoais. Entre os entrevistados com menos de 25 anos esse percentual se revelou ainda maior: 82,6%. Entre suas principais motivações estaria o medo do desemprego. Grandes empresas já começaram a enxugar o expediente para das 10h às 16h com o intuito de aliviar a pressão sobre o trabalhador.
Especialistas recomendam que se quebre a rotina de trabalho com alguma atividade física ou de lazer programada. Algo que permita aquele tempo consigo mesmo, para espairecer, que substitua o momento meditativo do dia que costumava ser no trânsito, de volta para casa. Inclusive, se meditar for a sua prática, este é o melhor momento para exercitá-la. Tempo com a família também deve entrar na agenda.
Se o seu expediente for, por exemplo, das 9h às 18h, esforce-se para “chegar” ao trabalho no horário e marque essa atividade ao fim deste período. Também não deixe de tirar uma hora para almoçar, no mesmo horário todo dia. “De certa forma, o processo ir ou voltar da empresa nos impunha uma certa organização. Rotinas são protetivas para a saúde mental porque precisamos ter a sensação de que as coisas têm um início, um meio e um fim”, disse Renata Macedo, psicóloga do Sesi-SP, ao UOL. “Então estabelecer uma nova rotina é essencial.”
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