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O que significa o termo “católico” na teoria e, principalmente, na prática?

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Aleteia Brasil - publicado em 31/08/20

"Acolher a todos" é diferente de "acolher tudo": há renúncias que são profundamente libertadoras, iluminadoras e revitalizadoras

O termo “católico” passou a popularizar-se principalmente após a reforma protestante, a fim de diferenciar entre os cristãos fiéis à tradição herdada dos primórdios do cristianismo e aqueles que seguiram interpretações ligadas à ruptura da unidade, como a luterana, a calvinista, a anglicana, a metodista, a batista, as neopentecostais e um longo etcétera.

No entanto, a Igreja é católica desde os seus primórdios, já que a palavra “católico” significa “universal”, ou seja, que abrange a todos. O termo vem do grego “kata holos“, que tem um sentido de “considerando o todo“.

Isto quer dizer que a Igreja é para todas as pessoas. “Aqui vem todo o mundo“, disse James Joyce ao descrever a Igreja. Ela acolhe pessoas “de todas as nações, tribos, povos e línguas“, como resumiu o Apocalipse (7, 9). Ninguém está excluído do alcance da sua missão, que é, justamente, universal: “Ide e fazei discípulos todos os povos“, determinou Jesus Cristo, o próprio fundador da Igreja – que, por sinal, é outra palavra bastante significativa: “Igreja” quer dizer “assembleia” (do grego “ekklesía”), isto é, a “reunião universal” dos que acreditam em Jesus e na totalidade dos Seus ensinamentos e instruções (inclusive os ensinamentos que afirmam que a Sua Igreja é construída sobre a rocha de Pedro e as instruções que determinam que tudo o que os Seus apóstolos atarem ou desatarem na terra ficará atado ou desatado no céu).

Acontece que “acolher a todos” não é o mesmo que “acolher tudo”.

Não é questão de receber a todos de qualquer jeito e deixar cada um continuar fazendo qualquer coisa. Trata-se de unir a todos, ou seja, de dar unidade a todos, mas em torno a uma só referência: o próprio Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

A Igreja Católica é a assembleia universal que une a todos formando um só corpo, que é o próprio Corpo Místico de Cristo. Portanto, é requisito para a unidade católica o entendimento de que é preciso aderir ao Corpo de Cristo, o que equivale a aderir a Cristo mesmo, com tudo o que isto exige em termos de transformação de cada um de nós.

Sim, são bem-vindas todas as pessoas independentemente das suas características acidentais, como cor, cultura, lugar de nascimento, conta bancária, profissão. São bem-vindos todos os pecadores – afinal, Ele mesmo afirmou que veio não para os justos, e sim para os pecadores. Mas os pecadores são bem-vindos para se libertarem do pecado e não para continuarem pecando. Cristo mesmo, após acolher a pecadora que estava prestes a ser apedrejada, lhe disse com toda a clareza: “Nem eu te condeno. Vai, e não tornes a pecar“. Quem é acolhido e perdoado é o pecador – não o seu pecado.

Fazer parte do Corpo de Cristo é aderir a Deus e não amoldar Deus às nossas medidas. O Reino de Deus, disse o próprio, “não é deste mundo“.

Há palavras e pensamentos, atos e omissões que não são compatíveis com o Reino de Cristo. É por isso que a Igreja coloca ao alcance de todos o convite e os meios para obterem a reconciliação com Deus, superando os apegos destrutivos que nos diminuem como pessoas e, portanto, como filhos de Deus.

A Igreja não coloca esta necessidade de conversão como algo negativo, pesaroso, limitante e deprimente, mas como algo libertador, iluminador e revitalizador, de modo que o perdão e a plena reconciliação com Deus são uma graça a ser desejada, acolhida e abraçada em toda a sua extensão e profundidade.

Tudo o que é necessário para a salvação está presente na doutrina católica, pregada por Cristo – e Cristo mesmo é a Verdade plena. A verdade preservada pela Igreja de Cristo contém o que é agradável, como o perdão e a misericórdia, e também o que é difícil e exigente, como a conversão, a renúncia ao pecado e responsabilidade de respondermos pessoalmente ao julgamento de Deus – cuja sentença, no fim das contas, depende plenamente de nós próprios: Ele apenas respeitará as decisões que nós tivermos tomado, pois criou-nos livres e respeita integralmente a nossa liberdade de escolhas. Ser católico, portanto, implica aceitar de modo universal, total, o conjunto inteiro das verdades que a Igreja ensina – e não só as partes que nos agradam.

Ser católico, em resumo, é ser completo. E, não, isso não é nada fácil – mas todos os auxílios estão disponíveis na Igreja, para quem livremente decidir aceitá-los.




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