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Moçambique: presidente preocupado pela situação das religiosas desaparecidas

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Fundação AIS - publicado em 06/09/20

Apesar do optimismo das autoridades no combate à ameaça terrorista, a verdade é que a violência em Cabo Delgado não dá sinais de abrandar

Filipe Nyusi, Presidente da República de Moçambique, esteve no dia 31 de agosto com D. Luiz Fernando Lisboa e manifestou a sua preocupação pela situação em que se encontram duas religiosas pertencentes às Irmãs de São José de Chambery e que estão desaparecidas desde o dia 5 de Agosto, quando a vila de Mocímboa da Praia começou a ser atacada por grupos armados.

“O Presidente da República está preocupado com as irmãs, está preocupado com as outras pessoas, tal como nós estamos”, afirmou o Bispo de Pemba à Fundação AIS após o encontro com Nyusi.

O desaparecimento das duas irmãs e das dezenas de pessoas que estavam com elas em Mocímboa da Praia foi um dos temas da conversa entre o Bispo de Pemba e o mais alto magistrado da nação moçambicana. “Continua a não haver informações sobre as duas religiosas nem sobre as outras pessoas, idosos e crianças, que lá se encontravam. Não temos notícia”, disse, ao telefone, D. Luiz Lisboa esclarecendo que, no conjunto, “estamos a falar de um grupo de mais de 60 pessoas….”.

No encontro, o Presidente da República mostrou-se também “muito preocupado” com a situação em Cabo Delgado, onde se têm sucedido ataques por grupos terroristas que reivindicam pertencer ao Daesh, o Estado Islâmico, e que continuam a ocupar a zona portuária de Mocímboa da Praia.

O encontro de ontem, 31 de Agosto, serviu também para dar um sinal de proximidade entre o Presidente da República e o Bispo de Pemba após terem sido publicados textos contra a actuação do prelado por comentadores considerados próximos do chefe de Estado.

“Há uma semana atrás eu pedi esse encontro e o presidente teve o gesto grande de vir aqui a Pemba inaugurar uma instituição e [de vir] até minha casa”, explicou ontem, ao princípio da tarde, o Bispo à Fundação AIS. “Foi importante esse encontro para termos uma conversa e desfazermos algumas coisas que nos estavam a colocar. Ou seja, comentários que alguns jornalistas fazem e que não ajudam em nada….”

Como fez questão de dizer à Fundação AIS, “o próprio encontro em si já esclarece muita coisa”, acrescentando que os textos publicados contra si são de “pessoas que querem mostrar proximidade com o presidente e que acabam atrapalhando a governação”. “Espero que as pessoas entendem bem os recados…”

Além desse esclarecimento, o encontro entre Nyusi e D. Luiz serviu também para a discussão sobre “o trabalho que tem sido feito pela Igreja” em Cabo Delgado. “Foi uma conversa produtiva”, acrescentou o Bispo.

Recorde-se que, na semana em que foram publicados os textos críticos para com D. Luiz Lisboa, o Bispo de Pemba recebeu uma chamada telefónica do Papa Francisco a mostrar a sua solidariedade e a revelar também a sua preocupação pela situação de violência na província de Cabo Delgado.

Horas depois do encontro em Pemba com D. Luiz, o chefe de Estado moçambicano publicou uma nota na rede social ‘Facebook’. Segundo a agência Lusa, Filipe Nyusi fez questão de destacar o papel que a Igreja desenvolve em Cabo Delgado. “Foi um encontro bom, a avaliar pela rica informação partilhada, uma vez que a Igreja Católica está enraizada na província. O diálogo com todas as forças vivas da sociedade continua sendo a nossa maior aposta de governação”, refere a nota do chefe de Estado moçambicano.

Apesar do optimismo das autoridades no combate à ameaça terrorista, a verdade é que a violência em Cabo Delgado não dá sinais de abrandar. Na semana passada, as forças de segurança detiveram, na cidade de Pemba, um homem na posse de armas proibidas e que foi apresentado pelas autoridades como sendo “um suposto integrante do grupo de insurgentes”.

As armas apreendidas – cinco metralhadoras AK47 –, respectivos carregadores e ainda fardamento militar, fizeram levantar a suspeita de que os terroristas poderão estar a planear um eventual ataque à própria cidade de Pemba.

O Bispo afirma não acreditar muito nessa possibilidade mas diz que não se deve subestimar a capacidade dos grupos armados. “Eu não acredito que isso [um ataque] vá acontecer em Pemba. Não acredito. Mas ninguém pode duvidar do que esses grupos são capazes. Mas eu não acredito que isso vá acontecer. Até porque as forças de defesa estão muito atentas a tudo o que se passa.”

A Fundação AIS tem ajudado os cristãos em Moçambique com diversos projectos, desde a reconstrução de igrejas até ao apoio de subsistência aos missionários. Actualmente está mesmo em curso uma campanha de ajuda de emergência para a Igreja local dada a situação particularmente grave que se vive em Cabo Delgado, onde, em consequência dos ataques de grupos jihadistas – que tiveram início em 2017 mas adquiriram intensidade no decorrer deste ano –, já se contabilizaram mais de mil mortos e mais de 250 mil deslocados, num cenário terrível de destruição que levou ao abandono de inúmeras aldeias e vilas.

(Fundação AIS)

Tags:
PerseguiçãoTerrorismo
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