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Profundezas e profundidade: o missionário católico que trabalha num submarino

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Comshalom.org (Reprodução)

Comunidade Shalom - publicado em 24/09/20

"Pousamos no fundo do mar, onde pude vivenciar a experiência incrível de rezar o terço nas profundezas. Senti uma paz e um silêncio interior que só quem passou consegue descrever"

O portal da Comunidade Católica Shalom divulgou neste mês o testemunho de Fabiano, brasileiro, militar, esposo e pai de família, que faz parte da missão de Niterói e partilha as graças da santificação mediante o seu trabalho em um submarino.

Confira a seguir um trecho do seu testemunho, cuja íntegra você acessa no site oficial da comunidade Shalom:

Meu chamo Fabiano, sou consagrado ao Carisma Shalom na Comunidade Aliança, sou esposo da Ellen, pai do Fabian, do Tobias e do Benício. Sou militar e hoje estou em missão em Niterói (RJ). No ano de 2012, o Senhor me chamou a descobrir duas vocações: ser submarinista e Shalom. Mais o que eu não sabia era o quanto seria difícil dizer sim a elas duas, pois, para vivê-las bem, eu precisaria de coragem, renúncia, disposição e, principalmente, de muito amor. Quando ouvimos falar do mar, lembramos sempre de um local profundo, escuro e inseguro, com muitas ondas e tempestades, nos causando pavor de navegar, principalmente durante a noite. Mas esse mesmo mar revolto e de grandes belezas é de uma força enorme, e não é diferente das nossas vidas. Existem dias calmos, dias de brisas suaves, mas também dias difíceis, onde as águas se agitam e os ventos ficam muito fortes (…) O submarino é um navio construído para navegar sob as águas, mantendo sua total discrição, podendo pousar no fundo do mar, mergulhando a grandes profundidades. A vocação Shalom não é diferente. Somos chamados a mergulhar (todos os dias) em uma vida autêntica de oração e a ter uma relação esponsal com Jesus, onde, através dessa intimidade, nos enchemos do Espírito Santo, nele repousamos e, graças a Ele, nos distanciamos (com segurança) dos nossos inimigos que buscam a todo instante desviar o nosso olhar da nossa missão (…) Minha experiência mais forte foi quando eu viajei para Montevidéu (Uruguai) em minha primeira viagem longa a bordo do submarino. Passei 12 dias mergulhado. Antes de partir, olhei o calendário, vi aqueles 12 dias e pensei: meu Deus, como tudo se dará? Mais eis-me aqui, tudo pelo meu serviço à Pátria. Levei meu caderno de oração, a minha bíblia e o meu terço e, graças a Deus, deu tudo certo. Me lembro que, lá pelo sexto dia, pousamos no fundo do mar, onde de fato pude vivenciar uma experiência incrível, que foi rezar o terço nas profundezas. Senti uma paz e um silêncio interior que só quem passou por essa experiência consegue descrever. Quando entrou a noite, comecei a rezar o Santo Terço novamente. Logo ouvi cantos de baleias, cardumes de peixes pelo sonar, e, ouvindo aqueles sons e rezando, me veio uma vontade de interceder por aquelas pessoas que estão aprisionadas em si mesmas, mergulhadas no orgulho e na vaidade, no abismo dos seus próprios corações, onde só existe vazio e escuridão. Quando cheguei no Uruguai, enquanto meus amigos iam para bares, lojas e restaurantes, eu fui para o Centro de Evangelização da missão, onde fiquei dois dias. Que alegria saber que eu tenho irmãos em diversos lugares do Brasil e do mundo e também saber que sou acolhido e amado por eles! Pude participar de grupo de oração, ir à missa depois de 12 dias sem Eucaristia, pude novamente alimentar a minha alma. Tive a oportunidade também de conviver com eles e ali tive a certeza de que estava no lugar certo, na família certa e no Carisma certo. Quando me despedi deles, agradeci a Deus pelo cuidado e pelo zelo que tiveram para comigo. Em muitos momentos na minha vida pensei em desistir da vocação e preferi ficar na superficialidade da minha vida de oração, mas o Senhor, em Seu oceano de misericórdia, fez com que eu percebesse que, de fato, esse não era o meu percurso, o meu chamado, pois Ele me chama a não ficar na superfície. Se desejo corresponder ao meu chamado e buscar a santidade, só existe uma maneira de dizer sim, sem medo e com parresia: mergulhar a cada dia e em todo momento em águas mais profundas. É lá, na profundidade da minha vida espiritual, que eu encontro a verdadeira paz que tem nome e um rosto: Jesus Cristo (…).

pe Baniwa

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