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Paquistão: mandado de prisão para os sequestradores de jovem cristã

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Fundação AIS - publicado em 27/09/20

Em Outubro fará um ano desde que foi sequestrada, quando ela tinha 14 anos

O tribunal de primeira instância de Karachi Oriental, no Paquistão, emitiu na passada segunda-feira, 21 de Setembro, um mandado de prisão contra Abdul Jabbar e os seus cúmplices, acusando-os de sequestro, violação e de terem forçado a menor Huma Younus, uma jovem cristã actualmente com 15 anos, a casar com um dos raptores. A jovem terá entretanto engravidado e estará a viver, praticamente como reclusa, num quarto.

A advogada Tabassum Yousaf, que tem assumido a defesa da jovem cristã, afirmou, em declarações à Fundação AIS, que “este é um grande passo para a libertação” de Huma Younus, embora haja ainda um longo caminho a percorrer.

“Em Outubro fará um ano desde que foi sequestrada, quando ela tinha 14 anos… Na minha qualidade de advogada tenho de dizer que a demora na justiça é uma negação da justiça.”

Para Tabassum Yousaf, o “sistema judicial” paquistanês é normalmente “hesitante quando se trata de garantir justiça para as minorias”, pelo que é necessário ver, agora, como as próprias autoridades policiais vão lidar com o despacho do tribunal. Importa dizer que o mandado de prisão contra Abdul Jabbar e seus cúmplices não admite possibilidade de fiança. Para a advogada de Huma Younus será também relevante observar os termos do “relatório que for entregue aos tribunais” pela polícia.

O momento de viragem neste caso – simbólico também da situação dramática em que se encontram centenas de jovens raparigas cristãs no Paquistão – ocorreu no final de Julho deste ano quando o Tribunal reconheceu, pela primeira vez, que Huma Younus era mesmo menor de idade, como sempre a sua família afirmara, exigindo que tanto o sequestrador como os seus cúmplices comparecessem perante um juiz.

Para a família, a expectativa agora é enorme. Nagheeno Younus, a mãe de Huma, manifestou à Fundação AIS o desejo de ter a filha de volta. “Quero que [ela] continue os estudos e chegue à idade de casar”, disse, acrescentando que “jamais aceitarei Abdul Jabbar como meu genro”. “Ele é um sequestrador e nada mais. Peço para ter a minha filha de volta.”

Huma Younus foi raptada em Outubro do ano passado em Zia Colony, na cidade de Karachi, quando tinha apenas 14 anos de idade. Foi violada, forçada a converter-se ao Islão e a casar com o sequestrador, Abdul Jabbar, que a engravidou.

O caso de Huma Younus é sintomático pois normalmente as jovens raparigas sequestradas e forçadas à conversão ao Islão são violentadas pelos seus raptores.

Em Janeiro, de passagem por Lisboa, o Arcebispo de Lahore comentou este caso lembrando que, só no ano passado, houve “cerca de uma centena” de sequestros de raparigas cristãs no Paquistão. “Sei que [Huma] foi raptada e depois foi violada”, afirmou D. Sebastian Shaw à Fundação AIS.

Para o prelado, o sequestro de jovens raparigas “significa que alguma coisa está errada na sociedade”. Não há números concretos sobre esta realidade dramática, mas em relação ao ano passado, por exemplo, ano em que ocorreu o sequestro da jovem Younus, o Arcebispo de Lahore avançou com uma indicação genérica: “Não sei os números exactos, mas foram muitos, muitos casos. Talvez uma centena, talvez um pouco menos. Do Punjab, de onde eu venho, também houve casos e muitas [destas raparigas] são menores de idade”.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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