O governo mexicano mobilizou militares e agentes migratórios para impedir a entrada da caravana
Milhares de migrantes hondurenhos avançaram nesta sexta-feira pelo norte da Guatemala rumo ao México e, posteriormente, Estados Unidos. O governo mexicano mobilizou militares e agentes migratórios para impedir a entrada da caravana.
Às vezes debaixo de tempestade, outras vezes sob o sol inclemente, os migrantes caminhavam pelo norte da Guatemala, úmido e tropical, após invadirem o país na véspera, rompendo o cerco militar na fronteira. Segundo autoridades migratórias guatemaltecas, cerca de 3 mil hondurenhos entraram no país.
A maioria dos migrantes seguia hoje pelo norte da Guatemala, enquanto um segundo grupo, mais reduzido, optou por tentar entrar no México caminhando para o sudoeste, em direção à fronteira de Tecún Umán.
Ao iniciarem seu trajeto na Guatemala, os migrantes, que avançam dispersos e em grupos, não encontraram grandes operações policiais. Mas após percorrerem centenas de quilômetros, depararam-se com uma barreira policial no povoado de Poptún, que bloqueou a passagem de mais de mil hondurenhos.
– ‘Não passarão’ –
O México anunciou a mobilização de centenas de militares e agentes migratórios na fronteira sul, para conter a entrada da caravana de migrantes. “Não passarão”, afirmou o chefe do Instituto Nacional de Migração (INM), Francisco Garduño.
Nos últimos anos, milhares de migrantes centro-americanos cruzaram o México em caravanas rumo aos Estados Unidos. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, enviou cerca de 26 mil soldados à fronteira sul depois que os Estados Unidos ameaçaram aumentar tarifas caso não fosse contido o fluxo de imigrantes sem documentos.
Ao menos 300 integrantes do êxodo optaram por retornar a Honduras ante a ameaça de prisão, mas a maioria seguiu rumo ao norte. “Claro que irei continuar”, afirmou à AFP Omar Ramos, 29, temporariamente impedido de prosseguir com a travessia.
Sem um futuro promissor, após perder o emprego em uma oficina de pintura de automóveis devido à pandemia, Ramos deixou o filho de 10 anos em Honduras e se uniu à caravana. “No meu país não há trabalho e a violência também está difícil. Há muitos mortos, não há nada a fazer além de migrar.”
“A economia está muito fraca e a cesta básica, muito cara”, reclamou Santos Morán, também na caravana. Já Carlos, outro migrante, garantiu que continuará até o México. “Saí de Honduras porque a situação está ruim, não há trabalho (…) é mais fome do que se aguenta.”
A maioria viaja a pé, no acostamento da estrada, enquanto outros, mais ousados, sobem em caminhões, arriscando a vida. Ontem, pouco após entrar na Guatemala, um migrante de 17 anos morreu ao cair de um deles.
(AFP)