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Diante da pandemia do coronavírus, escolher a economia ou a saúde?

Trabalhar na pandemia

Shutterstock | Ronaldo Almeida

César Nebot - publicado em 09/10/20

O que dizem as estatísticas sobre esse terrível dilema em um momento que o mundo enfrenta a covid?

Estamos entrando na segunda onda da pandemia do coronavírus em muitos lugares do mundo. E depois de termos superado a primeira onda da melhor maneira que pudemos, tentamos avaliar agora os graves danos na saúde e na economia que a pandemia do coronavírus implicou.

Isso nos leva ao debate entre o que deve ser priorizado, a economia ou a saúde, para enfrentar o que está por vir. De fato, há o debate sobre se as medidas de distanciamento social tomadas por muitos governos podem gerar um dano econômico desproporcional em comparação com o custo em vidas humanas que vem da pandemia.

Nesse sentido, muitas vozes políticas e acadêmicas se levantaram contra as medidas de confinamento, enfatizando que a cura poderia ser pior do que a doença. Mas, ao mesmo tempo, economistas acadêmicos europeus também são a favor dessas medidas de extrema cautela.

Este terrível dilema entre proteger a saúde ou a economia envolve um profundo problema ético. Afinal, podemos fixar um preço à vida humana? Na verdade, na primeira onda, já houve situações em que as equipes de saúde foram forçadas a priorizar quem receberia um respirador e quem não.

Dados

No entanto, se olharmos para o comportamento apresentado pelos diferentes países ao longo do segundo trimestre de 2020, os dados oferecem uma leitura interessante. Primeiramente, vejamos os dados da Organização Mundial da Saúde sobre a pandemia.

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No gráfico, podemos comparar, em cada país, o número de mortes confirmadas por Covid-19 por milhão de pessoas com sua taxa de crescimento anual no último trimestre.

Assim, aqueles países com melhor desempenho em termos de saúde deveriam apresentar piores resultados econômicos. Por outro lado, aqueles que optaram pelo econômico deveriam ter um maior número de óbitos confirmados por milhão de habitantes. Isso implicaria em um gráfico no qual os países seriam distribuídos em uma diagonal crescente.

Coronavírus: economia ou saúde?

Mas não. O que apreciamos é o oposto. Há países que preservaram sua economia e ainda administraram melhor a pandemia em termos de saúde, como Polônia, Indonésia, Dinamarca ou Taiwan. Por outro lado, há aqueles que sofreram derrocada, como Reino Unido, Espanha e Peru.

Poder-se-ia investigar se o comportamento dos piores países poderia estar correlacionado com a força ou fraqueza de cada sistema de saúde pública em termos relativos. Mas não parece que nem a Espanha nem o Reino Unido tenham sistemas de saúde piores do que a média.

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Supostamente, aqueles países que compartilham uma posição ao longo do mesmo eixo diagonal teriam comportamentos, instituições e estruturas semelhantes para enfrentar a pandemia.

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Por exemplo, Japão e Indonésia teriam elementos semelhantes e então cada um assumiria se eles querem estar mais na origem do gráfico, dando mais prioridade à saúde ou mais longe, dando mais prioridade à economia.

Coronavírus: economia e saúde

De todas as formas, ambos têm uma relação semelhante entre a variação entre o PIB e a variação no número de mortes por Covid-19 (inclinação semelhante do eixo diagonal). Tanto o Japão quanto a Indonésia e países semelhantes, evitar a queda do PIB custa um ligeiro aumento nas mortes.

Por outro lado, França e Itália compartilhariam o mesmo eixo diagonal. Mas com uma relação entre economia e saúde tal que custaria mais mortes cair menos que o PIB do que no caso do Japão e Indonésia. No caso da Alemanha e da Dinamarca, essa taxa de sacrifício da saúde em favor da economia é menor do que na França e na Itália.

Por outro lado, na Espanha e no Reino Unido, dois dos piores países na gestão da pandemia, a taxa de sacrifício da saúde para aliviar a crise econômica é muito mais alto em termos de mortes.

Esta análise não é conclusiva. Mas permite investigar e avançar as hipóteses do debate sobre qual é a relação entre saúde e economia diante da pandemia. E também qual é o papel que diferentes governos, instituições e comportamentos têm desempenhado entre os países que justificam as diferenças de desempenho no combate à pandemia.




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